CA – 30/09/2005 a 07/08/2007

“Como presidente da comissão, desenvolveu várias ações e cursos no sentido de aprimorar e modernizar a arbitragem brasileira…”

Edson Rezende deixa a Comissão de Arbitragem da CBF

Secretário-geral da Escola de Árbitros da FPF, Sérgio Corrêa da Silva assume o cargo interinamente

07 Agosto 2007 | 16h26

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou, na tarde desta terça-feira, a demissão de Edson Rezende de Oliveira da presidência da Comissão de Arbitragem. De acordo com a entidade, a saída foi motivada por problemas particulares. Interinamente, o cargo será assumido por Sérgio Corrêa da Silva, secretário-geral da Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol.   No comando da Comissão de Arbitragem desde outubro de 2005, após a saída de Armando Marques, Edson Rezende teve seu trabalho elogiado por Ricardo Teixeira, presidente da CBF.   “Como presidente da comissão, desenvolveu várias ações e cursos no sentido de aprimorar e modernizar a arbitragem brasileira. Tenho certeza de que o trabalho, agora sob o comando do Sérgio Corrêa da Silva, continuará sendo desenvolvido com a mesma preocupação de melhorar o nível da nossa arbitragem”, disse o dirigente.   Sérgio Corrêa da Silva faz parte da Comissão de Arbitragem da CBF, que tem todos os seus integrantes mantidos, desde fevereiro de 2006.


30/09/2005 – 15h18

Armando Marques pede demissão da CBF e Edson Resende assume

Da Redação – No Rio de Janeiro

O diretor de arbitragens da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Armando Marques, pediu demissão na tarde desta sexta-feira. A saída do ex-árbitro foi confirmada pela entidade que comanda o futebol brasileiro.

Edson Resende, que é diretor do departamento de arbitragens da CBF e também ex-árbitro, vai assumir o cargo interinamente. A confederação vai buscar um novo nome para exercer a função em definitivo.

Armando Marques não resistiu à pressão após o escândalo da manipulação de resultados de jogos de futebol envolvendo dois árbitros do quadro da CBF: Edílson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon.

A intenção da CBF era retirar poder de Armando Marques à frente da comissão de arbitragem, mas não pretendia demití-lo. O pedido do ex-árbitro acabou ajudando a entidade na tentativa de dar respostas aos escândalo divulgado pela revista Veja desta semana.

O interino Resende já exerceu o cargo de diretor de árbitros da CBF, substituindo Armando Marques. Foi em 2002, quando Marques foi suspenso pelo STJD. Marques foi acusado por Alfredo dos Santos Loebling de ordenar que o árbitro modificasse a súmula do jogo Figueirense x Caxias, pela última rodada da fase final da Série B de 2001.

Depois do julgamento, Marques foi absolvido pelo STJD e voltou ao cargo. Loebling não apitou mais.

Atualizada às 17h27

 


Vamos em frente e até qualquer momento!


Referência: http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,edson-rezende-deixa-a-comissao-de-arbitragem-da-cbf,30874

Publicidade

O que mudou no apito brasileiro?

“Quando comecei no apito, já escutava falar em profissionalização, dedicação exclusiva, mudanças e melhores condições de trabalho.”

Salvio Spinola

Sálvio Spinola

Sálvio Spinola

De Ivens Mendes a Sérgio Correa: O que mudou no apito brasileiro?

Publicado em 16/09/2016, 10:21 /Atualizado em 16/09/2016, 10:33
Sálvio Spinola, blogueiro do ESPN.com.br
GAZETA PRESS

arbitragem 2015 gazeta
Muita coisa mudou na arbitragem brasileira em quase três décadas

 

Elaborei o quadro abaixo para mostrar ao fã de esporte o que mudou na arbitragem nessas quase três décadas, comparando quando comecei na arbitragem, no início dos anos 90, quando meu primeiro chefe em nível nacional foi Ivens Mendes (in memorium) com os dias atuais, em que a arbitragem é comandada por Sérgio Correa.

É lógico que o título deste post também poderia ser de Ricardo Teixeira a Marco Polo Del Nero.

Vale esclarecer que, nesses 26 anos, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) teve seis presidentes de Comissão de Arbitragem: Ivens Mendes, Armando Marques (in memorium), Edson Resende, Antonio Pereira, Aristeu Tavares e Sérgio Correa.

 

Quando comecei no apito, já escutava falar em profissionalização, dedicação exclusiva, mudanças e melhores condições de trabalho.

ESPN.COM.BR

Referência: http://espn.uol.com.br/post/631426_de-ivens-mendes-a-sergio-correa-o-que-mudou-no-apito-brasileiro

Apoio recebido!

Polêmicas como aquela, que antecedeu a mudança na Conaf, contudo, não afligem mais Corrêa. Com um cargo burocrático dentro da CBF, o ex-Soficial da Aeronáutica tem menos preocupações

20 SET20121 – 10h05, atualizado às 11h28

Sérgio Corrêa não guardou nenhum rancor por ter sido retirado da presidência da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf) por José Maria Marin, há menos de um mês. Ao contrário. Agora responsável pelo recém-criado Departamento de Arbitragem da entidade, ele se aconselhou com o próprio mandatário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para combater uma doença motivada pelo estresse que acumulou na antiga função.

Corrêa admitiu sofrer de herpes-zóster, virose incurável e decorrente de uma variante do vírus da herpes, a mesma que provoca a varicela (a popular catapora). As dores na face já fizeram com que o antigo homem forte da arbitragem nacional desejasse ser atropelado por um caminhão.

Segundo ele, seriam também a principal causa da saída da Conaf – e não o fato de o assistente Emerson Augusto de Carvalho ter ignorado três impedimentos consecutivos no lance do segundo gol da vitória do Santos sobre o Corinthians por 3 a 2, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Polêmicas como aquela, que antecedeu a mudança na Conaf, contudo, não afligem mais Corrêa. Com um cargo burocrático dentro da CBF, o ex-oficial da Aeronáutica tem menos preocupações e mais tempo para tratar a doença. Ele ainda contesta quem acusa a existência de uma “grande quadrilha” na entidade, porém já saiu de foco.

Na última sexta, tirou licença com o intuito de consultar médicos recomendados por José Maria Marin e pelo vice Marco Polo Del Nero, que também comanda a Federação Paulista de Futebol (FPF), antes de viajar a Guaratinguetá (SP) e continuar a organizar um livro de memórias. Cogitou ainda fazer acupuntura e até uma cirurgia, que lhe tiraria a sensibilidade tátil do rosto.

Enquanto Sérgio Corrêa descansa, cuida da saúde e escreve uma espécie de biografia, o substituto Aristeu Leonardo Tavares trabalha para diminuir os problemas do habitualmente contestado quadro de árbitros da CBF.

O coronel da Polícia Militar chegou a falar que não pretende aproveitar “nada” do trabalho de renovação feito na gestão passada da Conaf – e voltou atrás depois. O que não foi suficiente para abalar o antecessor, orgulhoso por ter contribuído com uma melhora de 30% (de acordo com autoavaliação) da arbitragem brasileira nos últimos anos.

Confira abaixo a entrevista com Sérgio Corrêa :

Como está a sua vida após a mudança de cargo na CBF? Soube que o senhor está escrevendo um livro.

Mas não há nada de polêmico neste livro. Fique tranquilo quanto a isso (risos). É uma obra normal, contando a minha trajetória de 30 anos de futebol, rememorando as atuações que tive em lutas sindicais, na arbitragem. Quero aproveitar a minha experiência no meio para mostrar um pouco das diferenças entre cada uma das atividades que exerci. Afinal, vivi o campo de jogo e a área administrativa do esporte. Depois de ser árbitro, pude ver a minha profissão por outro lado, brigando pelo reconhecimento dela, trazendo melhorias para a categoria nos âmbitos estadual, nacional e até internacional. Estou trabalhando novamente com essa parte de administração agora. Você sabia que a Fifa não tinha, até 2010, um regulamento que tratasse de organizar a arbitragem nas suas 208 entidades filiadas? Este regulamento prevê a formação das comissões de arbitragem nos países, com presidente, vice… Dentro de cada comissão, temos questões administrativas em termos de desenvolvimento, com cursos para árbitros, distribuição de materiais didáticos, métodos de avaliação e classificação, instituição de quesitos para definir acessos e descensos de categorias, obtenção de recursos e muitas outras coisas. Também há… Mas espere um pouco. Estou falando demais. Você quem deveria fazer a entrevista, as perguntas, não é?

Com tanta empolgação, vejo que o senhor está satisfeito com a nova função que assumiu.

Rapaz… Sempre trabalhei na área administrativa, desde a Força Aérea. Tenho experiência no assunto. Fui sindicalista e gostei tanto dessa parte de gestão que fui adquirindo um conhecimento profundo. A escala de arbitragem para os jogos de futebol é só o resultado final do trabalho realizado pela comissão, que antes tinha tudo centralizado, com uma estrutura mais informal. Mas existe a base técnica para um árbitro se sair bem. Não adianta fugir disso. Sempre enfatizo para o nosso corpo de instrutores de árbitros a importância do trabalho deles. O sucesso de uma escala depende de muitos fatores. Veja: sempre colocamos os dois melhores árbitros do Brasil para o sorteio dos jogos importantes e, às vezes, isso não basta.

O senhor se lembra de algum caso emblemático que exemplifique essa situação?

No final de 2009, o Simon ( Carlos Eugênio, hoje aposentado ) estava muito bem preparado e venceu o sorteio para apitar uma partida entre Fluminense e Palmeiras, decisiva para o Campeonato Brasileiro. O Belluzzo ( Luiz Gonzaga, ex-presidente palmeirense ) não gostou da atuação da arbitragem e fez um grande escândalo na época, o que até acabou gerando um processo. E olhe que o Simon estava se preparando para ir à terceira Copa do Mundo da carreira. É complicado administrar essas coisas. Em determinada época, os comentaristas reclamavam da grande quantidade de árbitros jovens no Campeonato Brasileiro. Só que ninguém teve a capacidade de observar que todos os nossos árbitros mais conhecidos estavam sendo utilizados nas Eliminatórias para o Mundial. É duro.

Imagino que a pressão sobre o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem seja tão grande quanto ou maior do que a enfrentada por um árbitro de futebol.

Tudo isso me cansou demais. Nos últimos cinco anos em que me dediquei à comissão, toda a carga de trabalho e a pressão sobre as minhas costas geraram estresse e uma grave enfermidade, de que estou me recuperando aos poucos. Eu queria ter saído antes da presidência. Faz dois anos que eu estava mantendo conversas neste sentido com a direção da CBF, avisando sobre a minha necessidade. Fiquei, inclusive, afastado de 21 de maio a 22 de agosto para me tratar.

Desculpe-me pela pergunta, mas qual foi a doença que o senhor contraiu?

Zoster, que vem do mesmo vírus da catapora. Atingiu um nervo da minha face. Não existe muito remédio para isso.

Conheça a Zoster

Popularmente chamado de “cobrão” ou “cobreiro”, a herpes-zóster (também conhecida como zoster e zolster) é uma virose provocada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo da varicela (catapora). A doença é de incidência rara e gera afecções na pele, geralmente atingindo pessoas com baixa defesa imunológica, aquelas que sofrem de estresse ou os pacientes de AIDS.

O vírus da varicela-zóster costuma permanecer dormente, manifestando-se em cerca de apenas 20% da população. Na maioria dos acometidos, continua incubado no interior de gânglios do sistema nervoso. Quando o sistema imunológico está debilitado, ocorre a deflagração da enfermidade.

A herpes-zóster pode causar lesões discretas ou numerosas, com formações de vesículas (bolhas) na pele, mas jamais ultrapassa a linha média que divide o corpo em lados direito e esquerdo. Se a doença acomete a face (como ocorreu com Sérgio Corrêa), pode comprometer os nervos que vão para o olho e provocar ceratite, uma inflamação da córnea.

Os primeiros sintomas da herpes-zóster são formigamento e dores na região onde aparecerão as lesões, além de indisposição e febre baixa em algumas situações. As bolhas surgem depois, gerando um incômodo ainda mais forte e até pontadas e coceira. As sensações costumam ser brandas entre crianças e jovens infectados, com duração inferior a um mês; porém, em pessoas de idade mais avançada, o problema pode se prolongar por anos.

Os pacientes que persistem com dor após a manifestação da herpes-zóster tem a chamada neuralgia pós-herpética, que ocorre em aproximadamente 14% dos casos – na maior parte deles, com pessoas com idade acima de 60 anos.

O tratamento da herpes-zóster se dá basicamente através de antivirais. A transmissão da doença acontece com o contato com as secreções contidas nas vesículas, assim como na varicela e no herpes simples, e é facilitada quando a pessoa receptora está com baixa imunologia.

Foi o estresse de chefiar a Comissão Nacional de Arbitragem que desencadeou a enfermidade?

Não tenho dúvidas disso. O médico que estava tratando de mim não sabia qual era o meu emprego. Quando contei que administrava a arbitragem brasileira, ele entendeu na hora a causa do problema. O estresse fez isso comigo. Tenho muitas dores do lado esquerdo da face. Sinto um estranhamento até nos cabelos, no globo ocular. É algo constante, que me incomoda 24 horas por dia. Já ouvi dizer que esse tipo de dor é mais forte do que aquela provocada por pedras no rim.

Deve ser insuportável, então.

Algumas pessoas cometem suicídio por não aguentar a dor que eu sinto. Não cheguei a esse ponto, mas, nos primeiros dias de doença, juro que tive vontade de me atirar debaixo de um caminhão.

A única solução para aliviar o problema era deixar o comando da Comissão Nacional de Arbitragem?

Quando saí da comissão, tirei uma tonelada das minhas costas. Havia também o sacrifício de deixar a minha família em São Paulo, tendo que seguir sempre a ponte aérea para o Rio de Janeiro. Fiz um bom trabalho, gostoso e reconhecido, mas igualmente desgastante. Estou em outra fase da minha carreira agora. As dores na face, no entanto, continuam.

O senhor contou que vinha planejando a sua saída há pelo menos dois anos. Mas, ainda assim, não ficou surpreso quando soube da decisão do presidente José Maria Marin em relação à Conaf?
O presidente Marin acompanhou o meu sofrimento. O presidente Ricardo Teixeira também tinha conhecimento do que eu estava e ainda estou passando. Fui levando à frente da comissão durante algum tempo. Por isso, não fiquei surpreso no momento da mudança.

A relação com o Marin continua igual?

É claro que sim. O presidente mesmo me indicou um médico da confiança dele para eu me tratar, assim como o Marco Polo Del Nero. Estou arrumando as minhas coisas para entrar de licença novamente agora e quero ir a esses médicos competentes, em São Paulo. Se o tratamento não resolver, talvez eu faça acupuntura ou uma cirurgia neuropática para isolar o nervo afetado. Mas teria a contrapartida: eu ficaria com essa área da face meio que paralisada; levaria um tapa na cara e não sentiria nada, por exemplo. Vamos ver. Estou saindo da minha sala daqui a pouco e vou para a minha cidade, Guaratinguetá, descansar um pouco. Gosto muito de trabalhar, mas, com a dor que estou, é duro. Tomara que eu volte ao batente melhor depois.

Mesmo com o Marin ao seu lado, o momento para anunciar a troca de comando não foi inoportuno? Logo após o erro crasso de um assistente no clássico entre Santos e Corinthians…

Vou te confidenciar uma coisa, jovem: era eu quem mais falava para que houvesse uma reformulação. Já havia pedido para ficar afastado, como te disse. Notei que eu estava cansado. O ciclo tinha sido concluído. Estava na hora de fazermos uma substituição, que já vinha sendo adiada. Tudo tem um fim. É como acontece com os técnicos de futebol. Ninguém pode ficar tanto tempo em um cargo. Foi bom mexer na comissão, mesmo trazendo pessoas que já integravam o nosso grupo.

O Marin não citou o erro do assistente contra o Corinthians quando conversou com o senhor?

Aquele lance não foi comentado em nenhum momento. Nenhum. Parte da imprensa até pode mencionar o Corinthians, mas não tem nada a ver. Sabemos que houve uma queda de rendimento da arbitragem em dado instante. Mas a conversa com a presidência sempre foi no mais alto nível, tanto com o Ricardo Teixeira quanto com o José Maria Marin. Nunca ninguém nos fez cobranças ou exigências.

O fato de as pessoas associarem a sua saída ao gol validado do Santos contra o Corinthians, muitas vezes até de maneira crítica, incomoda o senhor? Ou já está calejado pelo longo tempo de trabalho na CBF?

É claro que a gente fica triste com algumas coisas que escuta aqui e ali. Nós mesmos achamos que podemos dar mais sempre. Mas tudo bem. A vida é assim. Posso ficar repetindo isso durante a vida toda, que ninguém acredita: a CBF é limpa, clara. As pessoas acham que temos uma grande quadrilha lá dentro. Isso não existe. Quem é culpado por uma má arbitragem? A nossa comissão? Os treinadores dos árbitros? O ser humano, que está suscetível ao erro? Posso garantir que, até 2007, as coisas eram muito piores. Não se conhecia a arbitragem brasileira. Fizemos um grande mapeamento do quadro de árbitros e deixamos uma base de trabalho para o novo presidente da comissão.

O Aristeu Tavares, seu substituto na comissão, disse que não pretende tirar proveito de “nada” do processo de renovação da arbitragem que vinha sendo feito pelo senhor.

A declaração não foi bem assim. Devemos interpretar o que ele falou. É claro que a base que deixei pode ser aproveitada. O que o Aristeu quis dizer é que cada um tem as suas convicções. Ele vai conduzir a comissão da maneira dele, e não da minha. Não me envolvo mais no processo. Já foi desgastante o que passei. Chega. Em 2005, quando estava ao lado do Edson Resende, dava vontade de chorar com o que víamos no País. Fizemos um diagnóstico do quadro de arbitragem nacional, e as coisas começaram a mudar. Criamos um plano de carreira para os árbitros. Milhares deles passaram pelo nosso treinamento. Disponibilizamos material didático, que não havia. Intensificamos a preparação física, que já está com 85% de aprovados. Antes, apenas oito federações faziam pré-temporada para seus árbitros. Chegamos a 24. Isso é essencial. Em 1970, o árbitro corria 4 km por jogo. São 12 km hoje em dia, e vai aumentar. Sem falar que, em 2007, tínhamos 96 árbitros com nota inferior a 6 nos testes aplicados. Era um absurdo. Em 2010, esse número caiu para quatro árbitros. Em parceria com as federações, listamos 29 árbitros promissores naquela época, e 75% deles estão aí ainda, trabalhando na Série A. Fizemos a ouvidoria e a corregedoria. É a base que eu mencionei. Tudo isso foi um processo de mudança de mentalidade, lento e necessário. Colocamos o carro para andar. Cabe à nova comissão, mesmo pegando no meio do caminho, dirigir bem. Se quiserem, estou aqui para dar suporte ao projeto.
( Após conceder esta entrevista, Corrêa fez questão de enviar por e-mail uma notícia de um site sobre arbitragem, na qual Aristeu desmentia a declaração sobre o trabalho de renovação de seu predecessor na Conaf. )

Como está a renovação do quadro nacional de árbitros?

Felizmente, isso vem sendo feito de modo correto e gradativo. No passado, tínhamos só 5% dos nossos árbitros com menos de 30 anos. Elevamos a quantidade para 20%, depois para 33%, e agora já deve saltar para 42%. Em 2009, diminuímos a idade limite de ingresso de árbitros na CBF para 30 anos. Tomamos medidas amargas para alguns, estando sujeitos a uma diversidade de críticas, mas diminuímos a faixa etária da arbitragem dessa forma. Você sabe como é: sempre existem aqueles papos de não querem mudar algumas coisas que estão estabelecidas.

Em suas entrevistas, o Aristeu também tem se posicionado contra o sorteio para definir a escala de arbitragem. O que o senhor pensa a respeito?

Na condição de dirigente de arbitragem, também sou contra o sorteio. Conheço bem a formação de árbitros e sei que há vários meios de analisar essa questão. O árbitro jovem tem mais chances de atuar com o sorteio, entrando de cabeça na profissão. Mas um experiente, como o Simon, já ficou mais de um mês sem ser escalado por causa disso, perdendo seguidos sorteios. Isso prejudica o ritmo do profissional, o seu investimento. A partir de 2009, minimizamos o problema colocando apenas dois árbitros em cada sorteio, com o sistema de colunas.

É possível acabar com os sorteios?

Faz nove anos que o Brasil tem esse sistema. É a legislação. Não podemos ir contra o que está estabelecido. Se você quer mudar alguma coisa, precisa alterar a lei primeiro. Os árbitros já foram várias vezes a Brasília para abordar a questão do sorteio. Existem até correntes que querem todo mundo envolvido no mesmo sorteio. Mas, com um País desse tamanho, como faríamos? É o mesmo raciocínio dos comentaristas, quando falam que deveríamos reunir o quadro de arbitragem inteiro para analisar a rodada durante a semana. Gente, o Brasil é muito grande. Fazemos esse tipo de coisa nos nossos cursos regulares. Fora que existem diferenças regionais, peculiaridades. Acredita que algumas federações já quiseram até criar regras próprias? Um absurdo. Para promover alterações positivas, é preciso pensar, projetar e executar direito.

Falando em mudanças, qual é a sua opinião sobre a sempre comentada profissionalização da arbitragem? Seria uma iniciativa válida?

Estou há 30 anos no futebol, e lá atrás já me perguntavam sobre esse tema. É claro que ajudaria um pouco os profissionais, mas quem pagaria a conta por isso? Teríamos, por exemplo, R$ 10 mil de salário para um árbitro, subindo para R$ 20 mil com os encargos trabalhistas. Como faríamos para pagar para 170 árbitros? A despesa da Série B iria de R$ 2,5 milhões para R$ 8 milhões. Isso sem falar nas inviabilidades regionais. São Paulo tem muito mais times na Série A do que outros estados, são dez árbitros internacionais brasileiros… É complicado.

A pedido da reportagem, Sérgio Corrêa enumerou aqueles que considera os cinco melhores árbitros do Brasil. “Mas, dessa lista, não faria diferença colocar algum deles um pouco mais para cima ou para baixo. São todos capazes”, ressalvou. Veja a relação feita pelo comandante do Departamento de Arbitragem da CBF:

1º – Wilson Luiz Seneme (Fifa-SP), 42 anos
2º – Leandro Pedro Vuaden (Fifa-RS), 37 anos
3º – Paulo César de Oliveira (Fifa-SP), 38 anos
4º – Héber Roberto Lopes (Fifa-PR), 40 anos
5º – Sandro Meira Ricci (Fifa-PE), 37 anos

Dez árbitros com o distintivo da Fifa: é um número razoável?

Esta é uma lamentação da minha gestão na comissão. Eu queria ter 15 árbitros internacionais, e não dez. O Brasil merece isso. Sei que não é possível, que a Fifa tem um trabalho competente para delimitar o porcentual de árbitros internacionais por países. Cheguei a solicitar à Fifa a mudança para 15, mas já sabia que a resposta seria negativa. Se eles abrissem esse precedente para um país, teriam que fazer o mesmo para todos. O mais importante é que os nossos árbitros começaram a entender que deixar o quadro da Fifa não quer dizer o fim do mundo. A gente se acostumou a dizer que o escudo da Fifa não está costurado no uniforme do árbitro; é de velcro. Para mantê-lo, você precisa ter regularidade. É simples. Os grandes árbitros são procurados pela comissão para os grandes jogos, enquanto os outros… Mas todos tiveram as suas oportunidades para mostrar capacidade. Se disserem que não, mostro com números que nunca houve injustiças.

Com que outra medida além da profissionalização, menos radical, poderíamos elevar o nível da arbitragem?

As pessoas deveriam esquecer um pouco a figura do árbitro. É a menos importante no futebol. Sei que os comentaristas vivem disso, mas já temos observadores em todos os 700 jogos do Brasil. Nada passa sem que a comissão perceba. Os erros, infelizmente, acontecem. Dizem que os árbitros brasileiros são honestos, mas ruins. Se isso for verdade, prefiro que continuem assim. Você gostaria de ter árbitros bons e desonestos?

Com certeza, não. Em termos de qualidade, como você quantificaria a evolução da arbitragem brasileira no seu período à frente da Conaf?

Acho que evoluímos 30%.

Está dentro do esperado?

Considero uma evolução significativa. A nova comissão vai pegar tudo o que saiu do padrão, colocar na reta e fazer as correções necessárias. É claro que também erramos. Quem não erra? Mas certamente os acertos foram maiores. O quadro de arbitragem brasileiro agora já é conhecido. Fizemos um histórico de todo mundo, com perfis. Não há mais ninguém escondido. Ou seja, deixamos, sim, uma base. Algumas matérias de jornais se referiram a mim como o único presidente da comissão que saiu por causa de um erro técnico.

Noticiaram de forma equivocada? O principal motivo da sua saída não foi a doença?

Mas essa questão da razão também não importa! Tive boa-fé, assim como as pessoas que estão entrando agora, que são capazes e corretas. Isso é o que vale. Vamos em frente. Se não fui um presidente tão bom como queriam, ao menos dedicação nunca faltou. A prova disso ficou encravada no meu rosto, nas dores que sinto.

O relatório elaborado por Sérgio Corrêa sobre os resultados alcançados pela Conaf na temporada passada destacou principalmente a preparação de árbitros promissores através de cursos (como o da foto acima, realizado em abril de 2011) e outros métodos. O então presidente da entidade reconheceu a existência de “reclamações naturais” decorrentes do processo de renovação, porém enalteceu a confiança no sucesso dos novatos sob a supervisão de José Maria Marin, presidente da CBF. Confira:

“Mesmo com o elevado número de cursos de aprimoramentos intensivos, a Comissão de Arbitragem enfrentou sérias dificuldades, pois realizou uma das maiores renovações da arbitragem nos últimos 12 anos (35%) dentre aqueles que atuavam na quarta maior competição do planeta.

Esta inversão de qualidade (árbitros novos x jogos decisivos) ocasionou as reclamações naturais contra a arbitragem, todavia a Comissão de Arbitragem acredita que o número de árbitros disponíveis para a principal competição mundial se elevou e, em 2012, a tendência é de melhoria, pois os “novatos” já são “conhecidos” e irão atuar com mais força nas competições estaduais e, por consequência, no Brasileiro.

Desta forma, a Comissão de Arbitragem poderá preparar a terceira geração de árbitros, sem que estes sejam promovidos com baixo número de atuações nas Séries B, C e D, como ocorreu em anos anteriores.

Em que pese a responsabilidade maior recair sobre as Federações que formam árbitros, a Comissão de Arbitragem da CBF afirma categoricamente que a principal mudança para evolução da arbitragem brasileira não é somente no investimento, mas na mudança de cultura que está sendo implementada pelas diretrizes determinadas pelo presidente Ricardo Teixeira e que certamente terá prosseguimento com o doutor José Maria Marin, cuja Federação da qual presidiu é uma das que mais investem no aprimoramento da arbitragem”.

 


Vamos em frente e até qualquer momento!


 

Referências: https://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro-serie-a/fora-da-conaf-correa-revela-apoio-de-marin-para-combater-doenca

Van Basten sugere mudanças

Fim da regra do impedimento, adoção de exclusões temporárias de campo para jogadores faltosos: o ex-jogador e três vezes vencedor da Bola de Ouro Marco van Basten, nomeado em setembro responsável pelo desenvolvimento técnico da Fifa, expôs suas ideias para tornar o futebol mais atrativo.

– Sempre precisamos buscar meios de fazer o jogo ser mais dinâmico e interessante – declarou Van Basten em entrevista à revista alemã “Sport Bild”.

Em caso de empate ao fim do tempo regulamentar, o ex-jogador holandês, de 52 anos, propõe substituir a prorrogação por uma sequência de “mano a mano” com o goleiro.

– Cada equipe teria cinco tentativas. O árbitro apita, o jogador tem 25 metros e oito segundos para tentar marcar. Se o goleiro defender, acabou. Seria mais espetacular para os espectadores e mais interessantes para o jogador. Em cobranças de pênalti, tudo é decidido em um segundo. Com esse “mano a mano”, o jogador tem mais possibilidades, pode driblar, chutar ou esperar ver o comportamento do goleiro – detalhou o três vezes vencedor da Bola de Ouro (1988, 1989, 1992).

O ex-atacante gostaria ainda de acabar com a regra do impedimento.

– O futebol se parece cada vez mais com o handebol, com as equipes colocando muralhas na frente da área. Sem a regra do impedimento, haveria mais possibilidades para os atacantes e mais gols. No hóquei sobre grama, o impedimento foi abolido e não causou problemas.

Van Basten, ex-craque de Ajax e Milan, é a favor também de substituir o cartão amarelo por uma exclusão temporária “de cinco a dez minutos”, o que favoreceria os ataques adversários e deixaria o jogo maia dinâmico.

– Também estamos estudando permitir mais de três substituições por jogo. No mês passado, eu encontrei Pep Guardiola (técnico do Manchester City) e ele me perguntou: “Por que não temos o direito de fazer seis mudanças?”.

1. Uma “disputa de pênaltis” diferente

Se você acompanhou um pouco da MLS nos anos 90 vai lembrar do shootout. Van Basten quer essa novidade no lugar da prorrogação e da antiga disputa de pênaltis. “Cada equipe teria cinco tentativas. O árbitro apita, o jogador tem 25 metros e oito segundos para tentar marcar. Se o goleiro defender, acabou. Seria mais espetacular para os espectadores e mais interessantes para o jogador. Em cobranças de pênalti, tudo é decidido em um segundo. Com esse “mano a mano”, o jogador tem mais possibilidades, pode driblar, chutar ou esperar ver o comportamento do goleiro”, disse.
2. Fim do impedimento
“Eu estou muito curioso para saber como o futebol funcionaria sem o impedimento. Temo que muitos seriam contra. Eu seria a favor, pois o futebol se parece cada vez mais com o handebol, com as equipes colocando muralhas na frente da área. É muito difícil superá-la. Sem o impedimento, haveria mais possibilidades para os atacantes e mais gols. No hóquei sobre grama, o impedimento foi abolido e não causou problemas”.
3. Mais substituições
“Também estamos estudando permitir mais de três substituições por jogo. No mês passado, eu encontrei Pep Guardiola (técnico do Manchester City) e ele me perguntou: “Por que não temos o direito de fazer seis mudanças?””
4. Exclusão temporária
“Uma ideia é substituir o cartão amarelo por uma exclusão temporária de cinco ou dez minutos. Isso assusta os jogadores. É mais difícil com 10 contra 11, muito menos com 8 ou 9”.
5. Evitar a cera

“Estamos cientes do problema do tempo. Os torcedores querem ver ação, gols e duas lutas. Quanto mais tempo levar a substituição, a cobrança de falta ou o atendimento a uma lesão, maior será o tempo perdido. Temos de ser cuidadosos com isso. Discutimos também fazer os últimos dez minutos do jogo um período de bola rolando. A bola precisa rolar a cada dez minutos”.

6. Cinco faltas por jogo
“Eu tenho uma ideia de que um defensor, como no basquete, só pode fazer cinco faltas – na sexta ele precisa sair do jogo”.
7. Impedir pressão no árbitro
“Seria uma boa ideia se, como no rúgbi, apenas um jogador do time – o capitão – falasse com o juiz”.

8. Oito contra oito na base

“O futebol professional deve ter 11 contra 11. Mas na base seria perfeito num campo menor. Eles teriam a bola por mais tempo, participariam mais do jogo, se divertiriam mais, pois precisariam correr menos”.

9. Reduzir o número de jogos
“Vamos o nosso melhor todos os dias para gerar ainda mais dinheiro no futebol. Mas não há um problema financeiro, há muito dinheiro. Precisamos focar na qualidade do jogo. Devemos reduzir o número de 80 jogos num nível que não é o mais alto para 50 jogos num nível top. Precisamos ajudar estrelas como Cristiano Ronaldo, Messi e Ibrahimovic a estarem descansados e fisicamente bem”.

10. Substituições mais rápidas

“Ainda estamos discutindo isso, o que é uma possibilidade. No entanto, será apenas para competições de base. Mas também devemos pensar no árbitro – ele precisa sempre saber quem está em campo”.


Vamos em frente e até qualquer momento.


Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2017/01/dirigente-na-fifa-van-basten-sugere-fim-do-impedimento-e-da-prorrogacao.html

Seneme é o novo membro da CA FIFA

Seneme, de 46 anos foi anunciado nesta sexta, dia 21 de janeiro de 2017 como um dos dez membros do novo Comitê de Arbitragem da Fifa.

20/01/2017 16h09 – Atualizado em 20/01/2017 17h30

Wilson Luiz Seneme é o novo membro do Comitê de Arbitragem da Fifa

Ex-árbitro brasileiro de 46 anos foi anunciado nesta sexta como um dos dez membros do novo Comitê de Arbitragem da Fifa. Perluigi Colina passa a ser o presidente

Por Jorge Luiz Rodrigues – Rio de Janeiro, RJ

Ex-árbitro brasileiro e presidente do Comitê de Arbitragem da Conmebol, Wilson Luiz Seneme foi anunciado hoje como um dos dez membros do novo Comitê de Arbitragem da Fifa. O Comitê foi totalmente renovado em nomes e na concepção, já que a entidade adotou o critério de nomear apenas ex-árbitros para a função. Aos 46 anos, Seneme recebeu o convite em carta assinada pela secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura.

O presidente do Comitê passa a ser o italiano Pierluigi Collina, de 56 anos, que apitou a final da Copa do Mundo de 2002 quando o Brasil venceu a Alemanha por 2 a 0, em Yokohama, no Japão. O Comitê de Arbitragem da Fifa é o responsável por receber e validar anualmente as listas de árbitros internacionais da entidade, promover treinamentos, implementar e interpretar as regras do jogo, além de propor mudanças nessas mesmas regras ao Conselho do órgão, que as levará ao IFAB e de apontar os árbitros para as competições da Fifa.

Arbitro, Wilson Luiz Seneme (Foto: Roberto Vazquez / Futura Press)Wilson Seneme é o representante brasileiro no Comitê de Arbitragem da Fifa (Foto: Roberto Vazquez / Futura Press)

Seneme entrou no quadro de árbitros da Fifa em 2006. Havia sido pré-selecionado para apitar na Copa de 2014, no Brasil, mas acabou ficando fora da disputa por problemas físicos diagnosticados pela entidade durante os testes de seleção. Ele também apitou a final da Copa Sul-Americana de 2011. Havia se aposentado em fevereiro de 2015, após ter dirigido a final do primeiro turno do Campeonato Paraense entre Remo e Paysandu.

Os outros membros escolhidos são

Amelio Andino, do Paraguai

Dagmar Damkova, da República Tcheca

Brian Hall, dos Estados Unidos

Shamsul Maidin, da Singapura

Eddy Maillet, das Ilhas Seicheles

Neil Poloso, das Ilhas Salomão

Kevin Stoltenkamp, da Nova Zelândia, e

Hani Taleb Balan, do Cátar.

Outros membros poderão ser apontados no futuro.


Vamos em frente e até qualquer momento!


Fonte: http://sportv.globo.com/site/programas/planeta-sportv/noticia/2017/01/wilson-seneme-e-o-novo-membro-do-comite-de-arbitragem-da-fifa.html

CBF cria Tropa de Elite

Com uma das maiores reformas na área nos últimos anos, ideia da entidade é ter um grupo de árbitros mais experientes para trabalhar nas principais divisões do Brasileiro

19/01/2017 08h05 – Atualizado em 19/01/2017 08h05

Mudanças na arbitragem: CBF cria Tropa de Elite para apitar Séries A e B

Com uma das maiores reformas na área nos últimos anos, ideia da entidade é ter um grupo de árbitros mais experientes para trabalhar nas principais divisões do Brasileiro

Por Marcelo Damato, São Paulo

Coronel Marcos Marinho (Foto: Marcelo Braga)Tenente-coronel da PM-SP, Marcos Marinho é diretor de arbitragem da CBF(Foto: Marcelo Braga)

A comissão de arbitragem da CBF promoveu uma das maiores reformas na estrutura da arbitragem nos últimos anos. As mudanças seguem diretrizes que a Fifa baixou em 2015.

A exemplo do que existe nas principais ligas do mundo, a ideia é criar um grupo mais enxuto e mais experiente para dirigir as Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Esse grupo já está sendo chamado pelos árbitros de Tropa de Elite – coincidência ou não, o diretor de arbitragem Marcos Marinho, antes de trabalhar no futebol, foi tenente-coronel e comandante do Batalhão de Choque da PM de São Paulo.

– Quando se olha o problema de arbitragem, vê-se que alguma coisa estava errado.

Queremos reduzir os erros e uniformizar os critérios. Vamos fazer um acompanhamento de cada árbitro, cada jogo, ajudar cada um a crescer. E aí avaliar – explica o diretor, conhecido como Coronel Marinho.

A CBF reduziu de sete para três as categorias de árbitros, mudou as idades para entrar e sair do quadro da Fifa, o sistema de sorteio, a política de renovação do quadro e também a política de escalas. As medidas valem tanto para árbitros como para assistentes.

 

A mudança de maior impacto é a idade limite da arbitragem. O jubilamento do quadro da Fifa passa de 45 para 50 anos, e a idade máxima de entrada, de 37 para 44 anos. Isso significa uma mudança na política de renovação. Aumentou o prestígio dos árbitros mais experientes.

– Continuamos buscando a renovação, mas de outra forma. E os árbitros acima dos 45 só vão ficar se passarem nos testes – diz Marinho.

Foram extintas as categorias Aspirante, Especial A (para ex-Fifa) e Especial B (para ex-Aspirantes) e transformadas as Categorias CBF-1, CBF-2, e CBF-3, que viraram Seleção A/B, Seleção C/D e Seleção Intermediária, respectivamente. O quadro da Fifa foi incorporado à Seleção A/B.

– Acabamos com tanta divisão porque no Brasil isso estava ficando importante demais. Havia pessoas que criticavam a escala não pela competência do árbitro, mas em função de ser Aspirante, Especial ou não.

A partir de agora, os árbitros só poderão apitar nas divisões que estão no nome de sua categorias – ou seja, não haverá mais figurões nas Séries C e D. Os da Seleção Intermediária

– que, apesar do nome, é a porta de entrada no quadro – só poderão trabalhar em jogos categorias de base.

Continuamos buscando a renovação, mas de outra forma. E os árbitros acima dos 45 só vão ficar se passarem nos testes
Cada uma das categorias terá idade máxima para ingresso e permanência – 42 e 50 anos para A/B, 40 e 42 anos (45 numa fase transitória) para C/D e 35 e 40 anos para Intermediária. Se, ao estourar a idade, o árbitros não tiver sido promovido, ele será jubilado do quadro. Se ele for rebaixado de quadro e não se encaixar na idade, também será jubilado.

 

A idade mínima para entrar na Seleção Intermediária é 20 anos. A partir da entrada, o árbitro precisa passar pelo menos um ano em cada categoria. Não pode haver pulos. As categorias serão redefinidas anualmente, com uma espécie de acesso e descenso.

Cada categoria terá um número fechado de árbitros. Na A/B serão 50, incluindo os 10 da Fifa. Isso significa que apenas 50 apitadores trabalharão nas duas primeiras divisões (historicamente, só a Série A tem usado quase esse número). Nas demais, o número não está definido.

A CBF decidiu também reintroduzir os árbitros adicionais, ao menos nas Séries A e B, e mudar o sistema de sorteios. Agora, ele volta a ser mais dirigido. Para cada divisão, em cada rodada, serão montadas duas escalas completas, que elas serão sorteadas.

Algumas questões ainda estão sendo detalhadas. Como os adicionais vão voltar, o quarto árbitro poderá ser um assistente e, nesse caso, o eventual substituto do árbitro será um adicional.

Um dos adicionais terá de ser da mesma categoria, mas outro poderá ser de uma inferior.


Vamos em frente e até qualquer momento!


Fonte:http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2017/01/mudancas-na-arbitragem-cbf-cria-tropa-de-elite-para-apitar-series-e-b.html

 

 

CBF vai se posicionar !

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Marcos Marinho, chefe da comissão de arbitragem da CBF, diz que todo jogo terá análise e que juízes podem ser punidos

19/01/2017 16h26 – Atualizado em 19/01/2017 16h26

CBF vai se posicionar publicamente a cada decisão polêmica da arbitragem

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Marcos Marinho, chefe da comissão de arbitragem da CBF, diz que todo jogo terá análise e que juízes podem ser punidos

Por Marcelo Damato, São Paulo

Coronel Marinho (Foto: Rodrigo Corsi/FPF)
Coronel Marinho comanda a arbitragem nacional (Foto: Rodrigo Corsi/FPF)

 

A partir deste ano, nas competições da CBF, a comissão de arbitragem vai se posicionar publicamente sobre cada decisão polêmica de seus apitadores. Essa é mais uma das mudanças para tentar resgatar a credibilidade da arbitragem no Brasil.

Quem está comandando a mudança é Marcos Marinho, o Coronel Marinho, que havia ficado dez anos como diretor de arbitragem na Federação Paulista e assumiu o posto na CBF no final de setembro.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Marinho afirmou que, a cada lance polêmico, irá publicar no site da CBF o vídeo da jogada e uma análise com a avaliação sobre a decisão do trio de arbitragem – certa ou errada.

Essa diretriz é uma guinada de 180 graus na maneira como a CBF vinha gerenciando os erros de arbitragem historicamente. Nas últimas décadas, depois que  explodiram as polêmicas em razão da melhoria das imagens de TV, a entidade manteve a postura de silenciar, deixando jornalistas e torcedores debaterem sozinhos as decisões dos árbitros.

Nesse período, houve uma queda de braço de bastidores entre os árbitros. Alguns cobravam uma mudança, pois se sentiam desamparados mesmo quando acertavam, enquanto outros preferiam não ver os erros serem reconhecidos publicamente.

Essa medida vem se juntar a outras reveladas pelo GloboEsporte.com na manhã desta quinta-feira, como a mudança da idade de jubilação dos árbitros, a redução das categorias de árbitros, a criação de grupos fechados para cada divisão do Brasileiro.

Leia a entrevista completa com Coronel Marinho:

GloboEsporte.com: Qual é o objetivo das mudanças?

Coronel Marinho: É obviamente melhorar a arbitragem. Algumas coisas estavam erradas. Havia árbitros que estavam no quadro há dez anos e que continuavam a cometer os mesmos erros, mesmo com treinamentos, orientações, avaliações.

Como será feito isso?

Nós vamos acompanhar cada árbitro muito mais de perto. Após cada jogo, vamos enviar ao árbitro nossa avaliação. O objetivo é entregar em 48 horas uma avaliação ao árbitro sobre seu desempenho. Ele vai receber os dois relatórios que são feitos no jogo e mais um feito pela comissão, com base no vídeo do jogo. O árbitro vai receber um vídeo editado dos principais lances com comentário para cada um, dizendo o que acertou e o que errou.

Que pontos serão avaliados, além da parte técnica e física?

Vamos avaliar os aspectos técnico, tático, disciplinar e o que chamamos de conteúdo de jogo, o emocional, a personalidade e o controle da partida.

Quando haverá atualizações no quadro?

Anualmente. Haverá acesso e descenso entre as categorias.

Foram criadas idades para jubilação em cada categoria (50 para Seleção A/B, 42 para Seleção C/D e 40 para Seleção Intermediária, a categoria de entrada). Por que a diferença?

Nós queremos que os árbitros progridam, porque é assim que a arbitragem vai melhorar. Mas, se ele chegou a uma certa idade e ainda não conseguiu deslanchar, então é melhor que abra espaço para alguém mais jovem. E, se alguém for rebaixado e estiver acima do limite de idade da categoria abaixo, será cortado do quadro. Mas o mais importante é que o processo será transparente e imparcial. O árbitro vai poder acompanhar suas avaliações.

Reunião comissão arbitragem CBF (Foto: Divulgação/CBF)Marinho (1º à direita, no alto) comanda reunião da comissão arbitragem CBF, nesta semana (Foto: Divulgação/CBF)

Quais serão essas avaliações?

Além das avaliações de jogo, há os testes periódicos. E pode haver outras.

Para quando se podem esperar resultados?

O problema não vai ser resolvido de uma hora para outra, todos já devem ter percebido. O que é preciso é melhorar, reduzir os erros, melhorar a uniformização ano após ano. Vamos trabalhar para ter uma melhora contínua.

Atualmente há entre torcedores e jornalistas um clima de desconfiança em relação à qualidade da arbitragem, com muita polêmica. Como a comissão vai enfrentar isso?

Após cada jogo, nós vamos colocar no site da CBF vídeos com os lances polêmicos, colocar a nossa análise, a posição oficial da comissão e dizer se a decisão foi acertada ou errada. Nosso objetivo é melhorar a arbitragem e melhorar também a compreensão do público sobre o que é a arbitragem, os critérios.

Em que jogos isso será aplicado? Só na Série A?

Isso será feito em todos os jogos que forem televisionados, não importa qual divisão. Estamos expandindo uma parceria para aumentar o número de jogos.

Você sabe que isso pode provocar uma grande reação…

Sim, estamos nos preparando para isso. Essa medida vai ser benéfica para todo mundo: comissão, árbitros, torcedores, jornalistas.

Até maio, os árbitros trabalham mais em seus estados do que para a CBF. Como manter esse trabalho?

Nós queremos ter contato com as federações, tanto com as comissões de arbitragem, como com os presidentes, para informar sobre como os seus árbitros estão indo e trocar informações.

Coronel Marinho, chefe da arbitragem da Federação Paulista (Foto: Vinicius Rodrigues/FPF - Divulgação)
Coronel Marinho assumiu o cargo na CBF, em setembro de 2016 (Foto: Vinicius Rodrigues/FPF)

 

A mudança do quadro da Fifa (três dos dez foram trocados) não aponta um pouco na direção contrária? Um dos promovidos, Rodolpho Marques (PR), não tem nem 30 jogos na Série A.

Quando aconteceu essa escolha (Nota da redação: em outubro), eu estava acabando de chegar à CBF, então eu mais escutei do que falei. Mas, para chegar aos nomes, não foi um processo rápido, muito foi discutido até chegar a um consenso. Para o Rodolpho Marques, houve pelo menos seis reuniões.

Mas como explicar que Marques foi promovido sem nem ter ficado entre os dez melhores do Brasileiro de 2016, na avaliação da própria CBF? Em comparação, Braulio Machado (SC) ficou em segundo e não foi promovido.

A primeira questão é que essa avaliação não funcionou muito bem, tanto que estamos mudando. Em segundo, não se avalia apenas um campeonato, mas vários e também uma série de fatores, como histórico, evolução, idade e até o potencial para apitar jogos internacionais.

Como assim?

Temos que saber o que a comissão de arbitragem da Conmebol pensa, pois é ela que aponta os árbitros para os torneios internacionais. Se ela acha que um árbitro não está no perfil dela, nem adianta promover. Por isso, estamos sempre em contato com a Conmebol, ainda mais agora que o Wilson Seneme (brasileiro, ex-árbitro Fifa por São Paulo que trabalhou com Marinho na Federação Paulista de Futebol) é o diretor da comissão.

Qual será o papel dos árbitros internacionais aqui no Brasil?

Queremos tornar os árbitros Fifa uma referência para todo o quadro. Para os demais queremos aproximar os critério, mas, para os Fifa, precisa haver uma uniformização. Vamos nos reunir com eles pelo menos uma vez por mês.

Por fim, como vão funcionar os adicionais? Eles serão da mesma categoria dos árbitros principais?

Em cada jogo, um adicional deverá ser, mas o outro pode ser de outra. O importante é que os adicionais receberão treinamento específico. Eles até podem apitar jogos, mas serão principalmente adicionais.

Os torcedores podem ter confiança nesse programa?

Estamos trabalhando para isso.


Vamos em frente e até qualquer momento!


Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2017/01/cbf-vai-se-posicionar-publicamente-cada-decisao-polemica-da-arbitragem.html

Análise de Desempenho – 2017

” Juntos, com a estrutura que já temos, esperamos atingir o objetivo de valorizar as pessoas que atuam no apito qualificá-los ainda mais”.

ARBITRAGEM 2017

18/01/2017 às 18:53 | Assessoria CBF

Comissão debate análise e desempenho dos árbitros

Créditos: Fernando Alves / CBF

 

A Comissão de Arbitragem da CBF e representantes da Escola Nacional de Arbitragem (Enaf) reuniram-se nesta quarta-feira (18) para debater critérios técnicos de análise e desempenho dos profissionais de arbitragem durante os jogos da temporada 2017. O grupo levantou pautas e fez observações com a finalidade de elaborar nova forma de avaliação dos árbitros e evitar disparidades durante a temporada.

– Nós verificamos que há muitas inconsistências nos relatórios produzidos e no resultado final, então procuramos especialistas na área da arbitragem. Juntos, com a estrutura que já temos, esperamos atingir o objetivo de valorizar as pessoas que atuam no apito qualificá-los ainda mais – afirmou Marcos Marinho, presidente da Comissão de Arbitragem.

O árbitro Ítalo Medeiros de Azevedo (RN) acredita que construir um método de avaliação é necessário para evoluir o quadro de árbitros.

– A fórmula de análise de desempenho sofrerá mudanças para que, com um novo protocolo de análise, a gente possa partir para um método científico que nos dará um resultado mais preciso em relação ao comportamento da arbitragem no seu aspecto geral em todas as competições da CBF – concluiu.

Estiveram presentes à reunião Cláudio Cerdeira, membro da Comissão de Arbitragem; Ana Paula de Oliveira, secretária da Comissão de Arbitragem; José Roberto Wright, membro da Comissão Independente de Arbitragem; Marcos Marinho, presidente da Comissão de Arbitragem; Ítalo Medeiros de Azevedo, árbitro do quadro da CBF; Sérgio Correa, líder do projeto de Árbitro de Vídeo; Manoel Serapião Filho, diretor-presidente da Enaf; Nilson de Souza Monção, diretor-secretário da Enaf; Paulo Jorge, ouvidor da CBF; e Claudio Freitas, secretário da Comissão de Arbitragem.

O PROBLEMA DAS ARBITRAGENS

“O costume de censurar os trabalhos dos árbitros como meio de suavizar a derrota de uma equipe, vai abalar diretamente o prestigio e a autoridade de elementos que precisam ser respeitados.”

Leiam o texto abaixo e respondam a pergunta: Em que ano isto foi publicado?


Nunca esquecemos estas sensatas palavras que lemos sobre o magno problema das arbitragens dos jogos de futebol:

“O costume de censurar os trabalhos dos árbitros como meio de suavizar a derrota de uma equipe, vai abalar diretamente o prestigio e a autoridade de elementos que precisam ser respeitados.”

A ingrata e difícil tarefa dos árbitros necessita realmente de vez em quando destes bálsamos para não desalentar os que começam e para não desiludir por completo os que, sem remorsos na consciência, se esforçam sempre ao máximo por bem cumprir, pondo ao serviço da sua missão toda a sua inteligência e toda a sua honestidade.

Os críticos apaixonados, os entusiastas facciosos e sobre tudo os ignorantes, encontram sempre derivativo para a derrota do seu favorito no trabalho do árbitro.

O árbitro é o único responsável.

  • Não se admite a queda de forma, a inferioridade momentânea da equipe.
  • Não se perdeu porque o grupo nesse dia foi inferior ao adversário.
  • Perdeu-se porque o árbitro é um ignorante, porque o árbitro é um patife, porque o árbitro estava comprado

E na maioria das vezes os julgadores do árbitro, os que se permitem discutir as suas decisões, nunca se deram ao trabalho de ler o texto das 17 leis do Código do Jogo, e são os mais profundos ignorantes da matéria.

É essa ignorância que suscita discussões acaloradas e comentários atrevidos, dando origem à maior parte dos incidentes que se registram nos campos de futebol.

Esse ambiente, misto de ignorância e intolerância, só contribui para dificulta a tarefa do árbitro, afetando o seu prestígio e a sua autoridade.

E os comentários mais azedos e as frases mais contundentes partem por vezes das pessoas que estão nos lugares mais caros, e que pelas suas responsabilidades e pela sua educação, deviam ser as primeiras a dar o exemplo.

A paixão clubista e a emoção própria do jogo perturbam por tal forma alguns indivíduos, que eles, normalmente calmos na sua vida de todos os dias, esquecem por completo as conveniências e perdem positivamente a cabeça.

Registram-se até casos de verdadeira loucura coletiva, que dão margem a exageros de toda a espécie.

A intolerância e a ignorância das grandes massas são dois males que muito contribuem para dificultar a tarefa do árbitro.

O primeiro mal é, no fundo, um problema de natureza essencialmente educativa e como tal tem de ser resolvido.

O segundo mal, temos que combatê-lo com um remédio que nos parece fácil: a divulgação das regras de jogo.

A crise de arbitragem, generalizada por toda a parte, e fundamentalmente uma crise de educação. Se assim é, tem de ser resolvida, educando.

Educando o público, educando os jogadores, educando os árbitros. Estes três elementos básicos da competição – público, jogadores e árbitros – exercem ação direta uns sobre os outros.

Para educar convenientemente o público necessário se torna que os jogadores auxiliem o árbitro na sua tarefa, acatando as suas decisões, prontamente, e sem discussão.

São os protestos e atitudes de discordância, manifestados por alguns jogadores, sobretudo pelos jogadores categorizados, que desorientam o público e o arrastam aos piores excessos. Com jogadores corretos e disciplinados, a missão do árbitro é bem menos árdua. A tarefa a realizar tem de ser, pois, esta:

— Criar árbitros que correspondam plenamente à confiança que neles se deposita, ao conferir-lhes poderes discricionários e ao considerar indiscutíveis a suas decisões, pois está de há muito provado que “são os bons árbitros que fazem os bons jogos”.

— Disciplinar os jogadores e o público combatendo a sua intolerância e a sua ignorância.

É preciso levar por diante, é preciso intensificar ao máximo a obra de vulgarização das leis do jogo, entre jogadores e público, porque do conhecimento exato dessas leis resulta para os jogadores um aproveitamento mais eficaz de todas as oportunidades e para o público um melhor juízo crítico, e, portanto, uma atmosfera de maior acatamento e de maior ordem e disciplina.

Aperfeiçoando os conhecimentos e o juízo crítico do público, contribuiremos para solucionar em grande parte, o problema da ordem dentro dos campos.

O público está insuficientemente preparado do ponto de vista técnico.

Se melhorarmos o grau de seus conhecimentos e se simultaneamente assegurarmos um ritmo de arbitragens perfeitas, havemos por força de criar o ambiente verdadeiramente desportivo em que devem decorrer todos os jogos.

Pelo que respeita à divulgação das leis de jogo entre os próprios jogadores, quase se torna desnecessário encarecer a sua necessidade.

Precipitação com que executa os movimentos que anteriormente executava com a maior calma.

O tempo e a pratica é que darão aos árbitros a visão nítida e clara do jogo, e as qualidades de decisão e de sangue-frio que tão indispensáveis se tornam.

A preparação prática intensiva tem de ser conduzida dentro da preocupação de criar um escol, em que a qualidade prime á quantidade.

x x x x x x x x x x x x x x x x x x

O código do jogo deve ser para árbitro como que o seu breviário, um livro a consultar com frequência, para ter sempre frescas e claras as suas disposições.

Não basta, contudo, saber de cor o texto legal, a letra das disposições regulamentares.

É preciso compreender aquilo que se lê. Só se pode ser um árbitro completo desde que se tenha assimilado o espírito que ditou a lei.

Não basta saber de ouvido os pontos principais e a solução para os casos mais frequentes.

É preciso profundar o grau de conhecimentos adquiridos.

 A matéria das leis 17 do jogo oferece campo vasto do ponto de vista especulativo, porque surgem sempre casos novos de interpretação duvidosa, que convém esclarecer dentro do critério mais ajustado.

Por isso reputo de vantagens indiscutíveis a realização de reuniões periódicas, de influência decisiva para a formação do árbitro.

Tem-se afirmado que a ginástica está para os jogos e desportos, como a gramática para o ensino das línguas.

É a base, o fundamento.

Pois as reuniões periódicas dos árbitros para troca de impressões sobre as incidências do jogo, avivando lhes a memória e familiarizando-os com a matéria das leis e com a sua interpretação lógica, hão de dar-lhes, também, a ginástica de espírito indispensável para se mostrarem desenvoltos a vencer as dificuldades e os embaraços que surjam na sua frente.

X     X     X

A outra vantagem indiscutível dessas reuniões é a que resulta da possibilidade de estabelecer um critério de julgamento uniforme, uma unidade de doutrina.

Um determinado lance da partida não pode ser objeto de sanções diferentes de país para país, de região para região, de campo para campo.

Isso dará lugar a injustiças manifestas e provocará não só a desorientação do público e dos jogares, mas reações violentas contra a diferença de tratamento de árbitro para árbitro.

 Os executores da lei têm de aplicá-la de maneira uniforme. Embora o seu texto seja traduzido em línguas diferentes, o seu espírito deve ser uno, o mesmo em todos os lados.

Os apitos dos árbitros têm de afinar todos pelo mesmo diapasão.

Essa uniformidade de critério tem particular importância na apreciação das faltas intencionais, na apreciação do jogo violento e do jogo perigoso, na destrinça perfeita das cargas corretas e das cargas à margem das leis.

Convém esclarecer bem a diferença que existe entre a carga e a obstrução; convém saber onde acaba a dureza e começa a violência; porque se a luta rude e enérgica é admissível – visto que o futebol é um jogo viril – as violências, com o propósito firme de inutilizar o adversário devem ser banidos sem contemporização, porque só desprestigiam a causa da educação física.

O critério de julgamento uniforme por parte dos árbitros há de contribuir por seu turno para educar dentro das boas normas o juízo crítico do público.

É certo que a paixão clubista leva frequentemente os espectadores a serem facciosos e injustos, mas o desconhecimento da lei é que gera na maioria dos casos os protestos desprovidos da razão.

É fundamental o conhecimento exato da letra e do espírito das Leis para se poder apreciar acertadamente o trabalho do árbitro.

X     X     X

Citemos alguns exemplos, em reforço do nosso pensamento:

Não se deve castigar um jogador só porque a bola lhe bateu na mão.

Para haver falta, torna-se necessário que a mão procure a bola, que o jogador manifeste o propósito claro de jogar a bola com a mão, para adquirir, esse fato, qualquer vantagem.

No entanto, temos ouvido dizer com ar doutoral a algumas pessoas que vêm já futebol há muitos anos.

“O árbitro tinha de marcar, “mão”, porque a bola foi desviada da sua trajetória”.

Ora, essa ideia é fundamentalmente errada. Não interessa saber se abola foi desviada da sua trajetória pela circunstância de ter tocado na mão ou no braço do jogador.

O que interessa, de fato, é saber se a bola foi desviada da sua trajetória, intencionalmente, com a mão ou com o braço.

Desde que em sua consciência julguem aos mãos involuntárias, os árbitros não as devem punir.

É preferível deixar passar em claro uma mão duvidosa do que cometer a barbaridade de punir, por vezes, com o castigo máximo, um jogador que não pôde evitar que a bola lhe batesse nos braços.

X      X      X

Outro exemplo a apontar:

A carga é permitida desde que não seja violenta nem perigosa.

O essencial é que a carga seja feita lealmente e com correção.

O que deve punir-se é o salto sobre o adversário que a lei considera sempre irregular e que não deve confundir-se com a carga.

A carga correta é um episódio do jogo, sem consequências de maior, desde que se saiba cair; pode ferir apenas o amor-próprio do jogador.

A carga correta, é a carga franca, feita com o ombro, tendo somente em vista o apoderar-se da bola ou impedir o adversário de se apoderar dela.

Na carga correta a atenção do jogador dirige-se à bola; na carga irregular visa sobretudo o homem.

A carga correta torna-se irregular se for acompanhada de uso de cotovelos, ou se os braços, as mãos ou os joelhos, tiverem desempenhado um papel desleal.

A carga fraca concebe-se, porque faz parte do próprio jogo, ao passo que a carga brutal ou irregular é inadmissível e deve ser banida.

X      X      X

Outro exemplo ainda:

Há que ter sempre presente no julgamento dos “off-sides” que o que interessa para a aplicação da Lei não é a posição em que o jogador está quando recebe a bola, mas a posição em que estava quando a bola lhe foi passada.

O desconhecimento deste pormenor é que justifica muitos protestos do publico que não têm razão de ser.

A posição do jogador é referida ao momento em que a bola lhe é passada por qualquer companheiro e não quando a bola lhe chega aos pés.

Um jogador rápido e inteligente que veja a tempo a intenção do seu companheiro pode partir no momento em que o passe lhe foi feito, com dois adversários diante de si – portanto dentro da lei – e chegar à bola, perfeitamente desmarcado, tendo deixado para trás os adversários, e sem que por isso deva ser considerado “off-side.”

Este ponto é fundamental para a apreciação da jogada, e os erros de muitos árbitros e os protestos infundados de muitos espectadores, são filhos da circunstância de não saberem interpretar devidamente o texto da lei.

Também se pode dar o caso de um jogador em posição de “off-side” no momento em que lhe é feito, vir rapidamente atrás e receber a bola, tendo então dois adversários adiante de si.

O árbitro não deve consentir essa irregularidade e tem de punir o jogador porque a regra se aplica – como já dissemos – no momento em que a bola é passada e não no momento em que é recebida.

Uma a outra passagem da Lei do “off-side” que merece ser estabelecida e divulgada ente o público, é a que se refere ao “off-side”  de posição.

Um jogador em posição de “off-side” não deve ser punido senão quando influa no jogo ou na ação de um adversário, ou quando procure obter vantagem do fato de se encontrar nessa posição.

Isto significa que o árbitro não deve interromper a partida para punir, senão quando o jogador que está em posição de “off-side” tome efetivamente parte no jogo, que jogando ou fazendo menção de jogar a bola, quer estorvando um adversário.

Não há necessidade de parar o jogo se a posição do jogador não tem influência alguma ao lance que está a desenrolar-se.

Supondo, por exemplo, que o ataque se está fazendo pelo lado direito não há necessidade de ir assinalar um “off-side” ao extremo esquerdo, que está longe da ação, que não estorva nenhum adversário e que não pretende tirar vantagem dessa situação.

O fato de um jogador estar na posição de “off-side” não é motivo suficiente para ser castigado.

Desde que esse jogador não tenha interferência direta no jogo não deve ser punido e por interferência direta no jogo deve entender-se o fato de o jogador tocar na bola, estorvar um adversário ou impedir esse adversário de seguir o jogo.

Ao contrario, se um jogador na posição de “off-side” vai colocar-se por exemplo junto do guarda redes, embaraçando lhe os movimentos e impedindo-o de seguir livremente a marcha do jogo, o árbitro deve castigá-lo, porque esse jogador deve ser considerado como influindo na ação de um adversário.

Estes tópicos fundamentais da lei “off-side” deviam já ter sido aprendidos por todos os árbitros e pela maioria do público. No entanto, a ignorância sobre esta  matéria é ainda muito grande.

A lei do “off-side” é, de fato, a que causa maiores embaraços ao árbitro sob o ponto de vista de julgamento pronto, e por ser mais complexa é também a que se presta a maior número de juízos errados por parte do público.

Compreende-se, por isso, que seja esta a lei que dá margem a maiores protestos e a maiores discussões entre os espectadores.

X     X      X

De tudo o que acabamos de dizer ressalta claramente a necessidade de adaptar um critério uniforme de julgamento, para não desorientar o público e para educar dentro das boas normas regulamentares.

Por isso se tem dito mais de uma vez que a atuação dos árbitros em campo, pode influenciar profundamente o aspecto técnico e o aspecto disciplinar das competições, e que se tal atuação for deficiente pode originar males insuperáveis, pelo que se torna necessário assegurar um ritmo de arbitragens perfeitas que necessariamente hão de repercutir-se no público e nos jogadores.

X     X      X

Em todo o Mundo, os organismos dirigentes do futebol ao garantirem aos árbitros o pleno exercício de todas as faculdades que as Leis do Jogo lhes concedem, consideram-nos agentes responsáveis pela manutenção da disciplina e da ordem dentro dos campos de jogos e por isso os revestem do máximo de autoridade.

Mas esse poder amplo tem de corresponder responsabilidades também amplas.

O exercício dessa autoridade tem de fazer-se dentro de moldes justos e certos.

Não deve haver abusos no exercício desses poderes discricionários, e os árbitros têm de integrarem-se todos dentro dessa ideia para que sintam conscientemente a responsabilidade que assumem ao entrar no campo.

Não podem falsear a sua missão, não podem trair a confiança que os organismos dirigentes neles depositam.

X     X     X

Procurarei focar agora a importância do papel educativo que o árbitro pode e deve desempenhar.

Conseguir dar à Luta um ambiente de compostura, lealdade, cavalheirismo e nobreza de processos, banindo tudo o que represente falta de respeito, tudo  o que revele má intenção, tudo o que seja contrário ao verdadeiro espírito desportivo, e afete, portanto, o prestígio do futebol, deve ser a preocupação dominante, e está reservado aos árbitros um papel de influência decisiva nessa tarefa.

No desempenho dessa missão os árbitros podem atingir o fim em vista, de duas maneiras: punindo e educando pelo exemplo.

O árbitro que demonstra conhecimento exato das Leis do Jogo, imparcialidade, firmeza de critério, calma, serenidade, decisão, integridade de caráter, numa palavra, todas aquelas virtudes que lhe permitem colocar-se no pedestal que a sua missão requere, elevando-se acima de todas as paixões e subtraindo-se a todas as influências exteriores, esse árbitro oferece um exemplo que tem de refletir-se no espírito dos jogadores.

E o árbitro que sabe punir, que sabe afirmar energia e mão firme, sem recorrer a rigores exagerados; o árbitro que sabe ministrar justiça corretamente sem medo; o árbitro que revela equilíbrio no exercício da sua autoridade, que sabe fazer respeitar as suas decisões, sem barulho, sem atitudes para a galeria; o árbitro consciente que só assinala as faltas que vê e não as que o público lhe aponta; o árbitro que , mas que não ouve; o árbitro que não se deixa guiar pelo público, mas que também o não contraria ostensivamente só para se dar, ares de uma isenção postiça; esse árbitro cumpre plenamente a sua missão.

Integrado dentro do seu papel educativo, o árbitro deve procurar evitar atitudes incorretas dos jogadores.

Uma advertência a tempo e em termos convincentes vale por vezes mais do que um castigo. Aclamar em vez de excitar. Tudo depende, é claro, da natureza e da gravidade da falta.

Uma campanha intensiva tem de fazer-se no sentido de reprimir alguns abusos, algumas atitudes feias, que não se coadunam com o verdadeiro espírito desportivo.

Acabar com a gritaria dentro do retângulo, a revelar precipitações, falta de ordem e pouca disciplina de atitudes.

Proibir terminantemente os gestos de discordância com as decisões tomadas, que encontram imediatamente ambiente favorável no publico facioso e ignorante.

Corrigir as atitudes deselegantes  dos jogadores, que depois de discutirem o direito à posse da bola num lançamento da linha lateral ao ser conferido esse direito aos seus adversários, arremessam a bola para longe num gesto de manifestar incorreção.

Fazer sentir a inconveniência do seu procedimento aos jogadores que na fase final dos encontros queimam tempo, atirando ostensivamente a bola para fora do retângulo e demonstrando com essa sua atitude falta de espírito desportivo pelos adversários e pelo público, e menos consideração pelas entidades oficiais que, acidentalmente, se encontrem presentes.

Convém insistir também na necessidade de os relatórios do árbitro ser a expressão exata da verdade. As faltas cometidas pelos jogadores devem ser relatadas com toda a propriedade e sem termos vagos ou ambíguos que se prestem a duas interpretações, não habilitando suficientemente quem tem de aplicar os sansões regulamentares e dando assim lugar a manifestas injustiças. Uma informação pouco clara tanto pode beneficiar um culpado, como culpar um inocente.

x x x x x x x x x x x x x x x x x x

Eis, a traços largos, o que se me ofereceu dizer-lhes sobre o magno problema das arbitragens, que constitui hoje um dos maiores óbices do futebol, criando aborrecimentos de toda a espécie e dando origem a graves conflitos no seio dos organismos dirigentes.


Vamos em frente e até qualquer momento!


 

Hermann Friese

Hermann Friese foi jogador e árbitro de futebol Apitou as finais do Paulista dos anos 1903, 1904, 1910 e 1920 e a final do Troféu Interestadual de 1910 (que teve como vencedor o Botafogo FC do Rio de Janeiro com o resultado de 7×2 verso AA das Palmeiras, no Velódromo de São Paulo).

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nascimento: 30 de maio de 1882 (ou 22 de maio de 1880), HamburgoAlemanha

Morte: outubro de 1945, São Paulo

 Georg Paul Hermann Friese (Hamburgo30 de maio de 1882 ou 22 de maio 1880[1] – São Paulo, outubro de 1945) foi um futebolista Alemão radicado no Brasil.

Ao lado de Charles Miller e Hans Nobiling Hermann Friese foi uma das figuras mais importantes do Futebol Paulista além de ser um dos pioneiros do Futebol Brasileiro, sendo reconhecido também como um dos primeiros craques a jogar no Brasil.

História

Em 1903 Hermann Friese imigrou com 21 anos de idade da Alemanha para o Brasil, e logo se afiliou ao Sport Club Germânia, tradicional equipe da colônia alemã radicada em São Paulo, fundada por membros da colônia, entre eles o notável Hans Nobiling.

Hermann Friese foi um dos mais importantes jogadores da história do Sport Club Germânia. Foi o artilheiro do Campeonato Paulista de Futebol de 1905 (Marcando 14 gols) e também foi campeão da mesma competição com o Sport Club Germânia: em 1906 e 1915.

Em 1903 a crônica esportiva chamou-lhe:

O jogador mais sensacional de todos os tempos.

Hermann Friese também foi treinador da equipe em que surgiu em torno de 1909 o futebolista Arthur Friedenreich. O rapaz, que seria o primeiro gênio do futebol brasileiro, era filho de um imigrante alemão e de uma negra brasileira. Apesar dos olhos verdes Friedenreich tinha nítidos traços negroides e por isso foi (inicialmente) proibido de fazer parte do clube, de maioria alemã.

Graças a intervenção de Hermann Friese o clube revogou tais proibições identitárias e Arthur Friedenreich pode brilhar com a camisa do Sport Club Germânia e posteriormente atuou por diversos clubes.

Hermann Friese foi também árbitro de futebol chegando a conduzir os jogos decisivos do Campeonato Paulista dos anos 1903, 1904, 1910 e 1920 e a final do Troféu Interestadual de 1910 (que teve como vencedor o Botafogo FC do Rio de Janeiro com o resultado de 7×2 verso AA das Palmeiras no Velódromo de São Paulo).[3]

No 22 de outubro 1916 apitou o jogo do Paulistão entre Santos FC e CA Ypiranga, naquele ocasião também foi inaugurado o estadio do Santos, a Vila Belmiro. O time santista ganhou a partida 2×1.[4] Na sua carreira conduziu 53 ou mais jogos do Campeonato Paulistano.[5]

Hoje Hermann Friese e um dos dez patronos da Academia Paulista de Árbitros de Futebol “Charles Miller” e compartilha essa honra com, entre outras, José Roberto WrightArmando MarquesArnaldo Cézar Coelho e Romualdo Arppi Filho, que foram árbitros no Mundiais.[6][7]

Vamos em frente. Até qualquer momento!

 

Referências

  1. Ir para cima Diario Official (Estado de São Paulo), 7/10/1930: “Por outra da mesma data, foi declarado brasileiro Georg Paul Hermann Friese, natural da Alemanha, nascido 22 de maio de 1880, filho de Hermann Peter Johannes Friese, casado, residente no estado de São Paulo.
  2. Ir para cima Quando a bola começou a rolar: Charles Miller introduz o futebol no país em 1894, Gazeta Esportiva, ca. 2002, (via Wayback Machine)
  3. Ir para cima [1]
  4. Ir para cima Guilherme: Santos FC: Vila Belmiro, Blog do Prof Guilherme, 7/10/2010.
  5. Ir para cima (footbook.com.br/arbitro/27299090,hermann+friese.html) Hermann Friese, Footbook (Árbitros) (ligação morta → archive.org))
  6. Ir para cima Patronos, Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo (ligação via Wayback Machine)
  7. Ir para cima Sergio Correa: Árbitros terão sua Academia, Cartão Vermelho, 29/01/2004 (Estatuto da Academia Paulista dos Árbitros de Futebol – ACADEPAR).