por Gonçalo Santos @besoccer_pt – 0 1,768
Nos últimos dias 21 e 22 de março, realizou-se, no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, o congresso The Future of Football, organizado pelo Sporting CP.
Nesta quarta edição do evento, na qual a ‘BeSoccer’ esteve presente, um dos painéis mais interessantes foi o relativo ao vídeo-árbitro (VAR), que contou com as participações de Greg Barkey, diretor técnico de competição da Major League Soccer (MLS), Florian Göette, responsável pela arbitragem da Bundesliga, José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Lukas Brud, CEO da International Football Association Board (IFAB), num debate que foi moderado pelo antigo árbitro inglês Keith Hackett.
VAR passa nos primeiros testes
Os dois primeiros relataram a experiência do VAR nos seus respectivos cameponatos, e apresentaram dados que serviram para comprovar que, ao contrário do que muitos dizem, este sistema de auxílio às equipas de arbitragem não prejudica, em nada, a fluidez de um encontro de futebol. Afinal, os árbitros só acabam por verificar um lance a cada três jogos. Até porque nem todos os lances levam a que o encontro esteja parado, o que só acontece em situações de golos, penáltis, cartões vermelhos diretos e identidades de jogadores trocadas.
Além disso, no campeonato alemão cada interrupção causada pelo VAR demora apenas, em média, um minuto. Na verdade, desde a implementação do sistema que o tempo de jogo líquido cresceu, precisamente, um minuto; ou seja, na verdade, o jogo em si até tem sido beneficiado pelo vídeo-árbitro. Substituições, bolas paradas ou assistências médicas em casos de lesão são apenas alguns exemplos de situações que afetam mais um encontro que uma paragem devido ao VAR.
Depois, foi a vez de José Fontelas Gomes, da FPF, entrar em cena, ele que ficou encarregue de apresentar a situação em Portugal E os números também parecem animadores.
De acordo com os dados apresentados, relativos até à jornada 22 da atual Liga NOS e a igual período da temporada passada, o número tanto de cartões amarelos, como de faltas diminuiu, ainda que se tenha verificado o contrário em relação a cartões amarelos, foras de jogo e penáltis e golos. As assistências nos estádios também aumenataram com a implementação do VAR.
“Existem menos faltas, mais golos, mais espetáculo e mais adeptos nos estádios, assim como mais situações de expulsão detetadas e mais capacidade para se analisarem situações de penálti e fora de jogo”, salientou o dirigente português.
Coisas a melhorar
No entanto, e para que o VAR funcione na perfeição, é necessário ter profissionais capazes e preparados para realizarem este tipo de trabalho.
“O árbitro [que está na sala do VAR a ver os lances] tem de ser um de topo, alguém calmo e que não pode entrar em stress. Há muitos que entram em pânico com tanta tecnologia. Os mais jovens adoram, estão habituados à tecnologia, mas nem todos têm capacidades para serem video-árbitro. Não podemos rever todas as jogadas sucessivamente, temos de nos cingir às mais importantes. A duração da verificação não pode ser muito longa. Se demora, é porque a decisão não tem erros… Não podemos ser demasiados minuciosos na procura das faltas. Vamos continuar a ter erros e temos de perceber que vão continuar a existir. Só queremos reduzir o número de erros. Nos EUA, temos uma nova filosofia: não vamos interferir no jogo se o árbitro tiver condições para decidir” sublinhou Greg Barkey.
A aceitação dos adeptos
Fulcral nestes primeiros tempos de vida do vídeo-árbitro é a aceitação daqueles que acompanham o futebol diaremente. Essa foi, de resto, uma das questões que ganhou mais importância neste debate.
Florian Göette está a satisfeito com os resultados do VAR na Bundesliga, mas sabe que ainda é preciso ganhar confiança junto dos adeptos para que as coisas possam funcionar ainda melhor.
E, para o dirigente alemão, uma das formas de consegui-lo passa por utilizar os ecrãs gigantes dos estádios para mostrar às pessoas presentes nos recintos o que se está a passar, o porquê de o árbitro ter recorrido (ou não) ao VAR em determinado lance, seja com imagens um com pequeno textos descritivos.
A FIFA já confia no VAR
No fundo, e apesar das melhorias que ainda têm de existir, o VAR está a dar frutos nos sítios onde já foi experimentado. Talvez seja por isso que a FIFA já o adotou para o Mundial deste ano, e que outras competições importantes, como a LaLiga, irão começar a utilizá-lo a partir da próxima época.