Brasileirão nas mãos do vídeo

27.04.2019 11:12 por Redação0

Grande novidade do principal competição de futebol do país, que começa neste sábado (27), será a utilização do VAR em todas as partidas
CBF

A tecnologia demorou, mas finalmente chegou ao futebol e pela primeira vez será utilizada no Campeonato Brasileiro. Os 380 jogos da competição contarão com o VAR para auxiliar o árbitro principal em suas decisões durante a partidas.

Depois de ser utilizado na Copa do Brasil, na Libertadores da América, na Sul-Americana e até nos principais estaduais, o árbitro de vídeo finalmente chega ao principal campeonato do país, com certo atraso.

Para tentar minimizar os erros e as polêmicas que muitas vezes envolve as decisões do VAR, a CBF realizou mais de 840 horas de treinamento com árbitros e auxiliares. A entidade ainda colocou no comando da tecnologia na 1ª rodada do Brasileiro, árbitros experientes como Héber Roberto Lopes, Ricardo Marques Ribeiro e Leandro Pedro Vuaden.

O grande problema apresentado pela utilização da tecnologia tem sido a demora para uma decisão final após o contato da cabine do VAR com o árbitro de campo. A CBF não estipula um tempo máximo para essa decisão e destaca que a ideia é fazer o mais não estipula um tempo máximo para essa decisão e destaca que a ideia é fazer o mais rápido possível, mas prioriza a precisão e não a velocidade.

Na Copa do Brasil, a CBF utiliza o VAR desde o ano passado. Em 14 jogos, a tecnologia foi utilizada e a média de tempo para a paralisação foi de 1min26s.

Mas em alguns estaduais disputados neste ano, a decisão final só foi anunciada após quatro minutos de paralisação, e desagradou torcedores, jogadores, técnicos e o restante dos envolvidos no espetáculo

Supremacia paulista
Desde 2015, os Desde 2015, os paulistas dominam o Campeonato Brasileiro. Corinthians e Palmeiras se revezaram nas conquista dos últimos quatro títulos do nacional. O volante Bruno Henrique, do Palmeiras, comentou sobre esse domínio. “Os clubes paulistas sempre entraram nos campeonatos para brigar por títulos. O Campeonato Paulista é muito forte, e isso mostra porque o Estado de São Paulo tem muita força”.

Decacampeão brasileiro, o Palmeiras é apontado como um dos favoritos para a conquista por ter mantido a base do elenco campeão. Com o time mais valioso do país na mão, Luiz Felipe Scolari tem a missão de conduzir o clube a mais uma conquista do Brasileiro. No Campeonato Paulista falhou e não conseguiu chegar a decisão. Caiu na semifinal diante da garotada do São Paulo.

Tricampeão paulista, o Corinthians espera repetir a mesma fórmula de 2017, quando foi campeão estadual, depois fez um 1º turno espetacular no Brasileiro e ficou com a taça, mesmo com uma equipe modesta. Tudo isso sob o comando de Carille. Com força da torcida nos jogos em Itaquera, o alvinegro sabe o que precisa fazer para ir longe.

Apostando no técnico Cuca, responsável pelo título brasileiro do Palmeiras em 2016 e nos garotos que levaram a equipe à decisão do Paulista, o São Paulo não quer ser coadjuvante no Campeonato Brasileiro. Mas para isso precisará mostrar um futebol melhor que no Paulista. A chegada de Pato, Tchê Tchê e Vitor Bueno ajudam, mas a equipe precisa de mais peças para brigar no topo.

Com ideias modernas e priorizando o futebol ofensivo, o técnico Jorge Sampaoli espera deixar o Santos na briga pelo título até o final da competição. Desde sua chegada a Vila Belmiro, o argentino surpreendeu tanto dentro como fora de campo. Sob o comando de Sampaoli, o time passou por cima da crise financeira e respondeu com bons resultados em campo, mesmo sendo eliminado na 1ª fase da SulAmericana e na semifinal do Paulista. O Santos pode sonhar alto, mas precisa de um homem-gol.

 

Fonte: https://www.destakjornal.com.br/esportes/detalhe/brasileirao-nas-maos-do-video?ref=DET_relacionadas_futebol

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VAR revoluciona emoções no futebol

18.04.2019 14:50 por France Presse0

Árbitro assistente de vídeo divide opiniões e sofre críticas por demora em resolver lances capitais

Louco de alegria e logo devastado, o técnico Josep Guardiola viveu uma verdadeira montanha-russa emocional na quarta-feira com o Manchester City na Champions. O destaque da partida foi o assistente de vídeo (VAR), cuja “revolução dos sentimentos” segue gerando debate.

O técnico espanhol acreditava que o City tinha conseguido buscar a vaga nas semifinais da Champions quando seu atacante Raheem Sterling conseguiu balançar as redes do goleiro francês do Tottenham Hugo Lloris, nos acréscimos de uma partida louca no Etihad Stadium de Manchester.

 

Guardiola gritou de alegria, fechou os punhos, comemorou como um torcedor… até que o árbitro invalidou o gol por impedimento, após o VAR entrar em ação e perceber a irregularidade na origem da jogada.

“Todos que dizem que o VAR ia destruir a emoção no futebol tinham que ter estado aqui”, declarou o jornal The Times.

“O VAR foi introduzido para suprimir as sequências dramáticas, mas aconteceu exatamente o contrário”, disse o The Daily Mail, outro jornal britânico, para descrever os momentos de enorme tensão e emoção vividos no confronto inglês das quartas de final da Champions.

“Do inferno ao paraíso”, foi como o zagueiro Toby Alderweireld definiu o que ele e os companheiros de Tottenham viveram em Manchester. Os Spurs já haviam sofrido e comemorado com o VAR minutos antes, aos 29 minutos do segundo tempo, quando o gol de Fernando Llorente foi analisado e em seguida validado após suspeita de mão na bola do atacante espanhol.

O debate já agitava os analistas e torcedores antes do fatídico confronto entre City e Tottenham. A chegada do VAR à Liga dos Campeões não fez mais do que dar um alto-falante ainda maior às discrepâncias entre defensores e detratores.

Para muitos críticos da tecnologia, o novo sistema perverte de alguma forma a essência do futebol, construída durante décadas por momentos de alegria imediata e erros que entraram para a história.

Matar os sentimentos

“Todos precisamos de mais tempo para nos adaptar a esta revolução dos sentimentos”, escreveu nesta quinta-feira o diário esportivo francês L’Équipe, que comemorou “um jogo de volta excepcional de quartas de final” entre Manchester City e Tottenham. Para este diário, o VAR “desenha uma forma de justiça com atraso que nos deixa transtornados”.

Outros são mais pessimistas com a ação da tecnologia no futebol.

O VAR “divide as emoções em duas, não nos atrevemos a reagir no momento. Em seguida, reagimos diante da decisão do VAR ao invés de fazê-lo pelo gol”, escreveu a revista especializada Cahiers du Football.

Há dois anos, quando o VAR dava seus primeiros passos na França durante um amistoso entre França e Espanha (vitória espanhola por 2-0), a questão preocupou muito os torcedores e os jogadores.

A tecnologia “matou um pouco nosso jogo”, declarou o lateral francês Layvin Kurzawa. “Todo mundo comete erros, os árbitros também, e isso fazia parte do futebol, deveria continuar assim”.

“Não é desestabilizante, mas incomoda porque é preciso esperar para poder comemorar um gol”, opinava o astro Antoine Griezmann, que foi privado de um gol por impedimento detectado pelo VAR.

Já o goleiro da França Hugo Lloris admitiu que as decisões do VAR eram justas, mas lamentou o fato de que o uso da tecnologia no futebol “pode matar as sensações após um gol”.

O mesmo Lloris que na quarta-feira viu o Tottenham conseguir a classificação às semifinais da Liga dos Campeões graças ao VAR.

Por dentro do VAR

Por dentro do VAR
Foto: CBF

“Quem não gostaria de ter uma segunda chance para corrigir algum erro na vida?”. Com essa frase, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, simplificou qual a missão do VAR (árbitro de vídeo) no futebol. O mecanismo é a grande novidade da temporada 2019 no Campeonato Brasileiro. Todos os 380 jogos da principal competição de clubes do Brasil terão a presença do VAR.

A convite da CBF, o Destak participou de um treinamento sobre o dispositivo de arbitragem. De acordo com Gaciba, o uso do VAR veio para dar aos árbitros a chance de corrigir erros claros e fazer justiça no futebol.

“A função é corrigir erros graves da arbitragem, para que ela não cometa erros graves e impactantes no jogo. Eu gostaria muito de, na minha época de árbitro, poder ter esse recurso e sair de campo com a convicção que eu acertei nos momentos capitais da partida”, disse o presidente da comissão de arbitragem da CBF.

Com a adoção no VAR no Campeonato Brasileiro, o Brasil se torna o primeiro país da América a utilizar o recurso em seu principal campeonato. Além disso, com os jogos de campeonatos estaduais, o país terminará o ano como o que mais teve jogos sob a tutela do VAR em 2019.

Durante a partida, sete profissionais estarão na cabine dedicada à análise de vídeo, chamada de VOR (Sala de Operações de Vídeo, na tradução do inglês). Além do VAR, ainda há dois árbitros que atuam como AVAR (assistentes do VAR). Um deles fica responsável por auxiliar o árbitro nas marcações de possíveis infrações durante a partida e o segundo assistente cuida exclusivamente de lances de impedimento. A cabine do VOR ainda conta com um operador de replay, assistente de revisão, suporte técnico e um supervisor.

O VAR precisa de oito câmeras para atuar e recebe o sinal das câmeras das transmissões televisivas, mas as imagens são operadas de forma independente. Em jogos em que a tranmissão for feita com menos de oito câmeras, a CBF disponibilizará o restante necessário ao VAR.

De acordo com a comissão de arbitragem da CBF, o curso para formar uma turma de 20 árbitros demora 21 dias. Atualmente, a entidade tem 90 árbitros capacitados para atuar como VAR e 184 para atuar como AVAR.

Uma das principais críticas em relação à utilização do recurso do vídeo nos campeonatos estaduais foi em relação ao tempo de demora na checagem dos lances. Durante a Copa do Brasil do ano passado, o tempo médio de paralisação para revisões foi de 1 minuto e 26 segundos.

“No momento, eu não estou preocupado com questão de tempo ou número de checagens. A minha preocupação maior é com o nível de acerto”, afirmou Gaciba.

Outra grande reclamação é em relação às muitas paralisações durante a partida para a comunicação entre o árbitro do campo e o VAR. Apesar de a decisão final ser do juiz do jogo, muitos acreditam que o árbitro de vídeo está tirando a autonomia das decisões tomadas dentro de campo. De acordo com Gaciba, o principal desafio da arbitragem é encontrar o limite certo do que ele chamou de “linha de intervenção”.

“O grande desafio é encontrar qual é essa linha tênue sobre o que é um erro claro de um lance interpretativo, no qual deve-se respeitar a decisão do campo”

O VAR está apto a atuar em quatro tipos de jogadas decisivas: gol, pênalti, expulsão e identificação de jogadores.

Queda em faltas

Por Martín Fernandez — Rio de Janeiro

 

Nunca houve tão poucas faltas no Campeonato Brasileiro da Série A. Nas primeiras cinco rodadas de 2019 – uma amostra de 50 jogos – a média de infrações ficou em 27,8 por jogo, o menor número desde 2015, último ano para o qual há dados disponíveis. Este é a primeira edição do torneio que conta com a tecnologia do árbitro de vídeo (VAR).

A queda no número de faltas também fez cair a quantidade de cartões amarelos: foram 207 nas primeiras 50 partidas do ano, mesmo número de 2017. A quantidade de cartões vermelhos é a mesma nos últimos três anos: nove.

Até o número de reclamações formais caiu. De acordo com a CBF, nenhum clube procurou a Ouvidoria da entidade para se queixar de decisões de arbitragem. No ano passado, depois de cinco rodadas, já havia 16 reclamações registradas. Vale ressaltar que o São Paulo chegou a entregar um “dossiê” após um empate em 0 a 0 com o Bahia no Morumbi, mas não percorreu o caminho que a CBF exige para considerar formal uma queixa contra decisões de arbitragem.

Cai o número de faltas e cartões nas primeiras cinco rodadas

Ano
Faltas (média por jogo)
Cartões Amarelos
Cartões Vermelhos
2015 1520 (30,4) 277 (5,5) 17
2016 1548 (31) 245 (4,9) 12
2017 1490 (29,8) 207 (4,1) 9
2018 1524 (30,5) 225 (4,5) 9
2019 1390 (27,8) 207 (4,14) 9

O departamento de arbitragem da CBF também mede o impacto direto do VAR no andamento dos jogos. Contando as primeiras 58 partidas do Brasileirão – as seis primeiras rodadas menos os dois jogos desta segunda-feira – o tempo médio de paralisação é de 1 minuto e 50 segundos.

Trata-se de um número acima da média mundial – um minuto e 30 segundos, meta que a CBF quer atingir até o final do ano. Mas o tempo de paralisação não é a prioridade. A ordem é: precisão acima da velocidade. É melhor demorar para acertar do que errar com pressa.

Árbitro Igor Junio Benevenuto durante o jogo entre Bahia e Fluminense — Foto: Marcelo Malaquias/Framephoto/Estadão Conteúdo

Árbitro Igor Junio Benevenuto durante o jogo entre Bahia e Fluminense — Foto: Marcelo Malaquias/Framephoto/Estadão Conteúdo

 

Nas primeiras 58 partidas do Brasileirão de 2019, houve 35 lances revisados pelos árbitros de vídeo. Em 30 deles, o árbitro mudou a decisão que havia tomado em campo. Nas outras cinco, manteve. De novo, trata-se de um número bem acima da média mundial: um lance revisado a cada três partidas.

– Isso mostra que os árbitros de campo estão deixando a desejar – opina Sandro Meira Ricci, ex-árbitro, que apitou na Copa do Mundo de 2018 e hoje é comentarista do Grupo Globo.

NA CBF, a avaliação é de que o VAR já causou efeito positivo no Campeonato Brasileiro, e que ainda vai levar tempo para que árbitros, jogadores, técnicos e dirigentes se acostumem com a tecnologia.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/sp/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/com-var-cbf-registra-queda-em-faltas-cartoes-e-ate-reclamacoes-no-campeonato-brasileiro.ghtml

Momentos históricos

 

Edina Alves será primeira árbitra na Série A em mais de uma década

21/05/2019 às 12:39 | Assessoria CBF

Paranaense está escalada para jogo entre CSA e Goiás, em Maceió, que será o primeiro apitado por uma mulher na Série A desde 2005

Edina Alves será a árbitra da partida entre CSA e Goiás, pela Série A do Brasileirão. A escalação da árbitra paranaense representa um momento histórico para o futebol brasileiro. Após quase 14 anos, uma mulher voltará a apitar um jogo de futebol da Série A do Brasileirão.

A última partida da Série A arbitrada por uma mulher foi em 2005, no duelo entre Fortaleza e Paysandu, pelo segundo turno. A responsável pelo jogo foi Silvia Regina, que acompanhará de perto o confronto deste domingo. A ex-árbitra será a supervisora do VAR (árbitro de vídeo) no Rei Pelé, em Maceió.

A escalação de Edina foi apontada por Leonardo Gaciba, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, como um marco para a arbitragem brasileira. Mas, além disso, como um momento merecido pela árbitra paranaense.

– Eu só consigo ver meus árbitros como pessoas iguais. Acho que ela serve como exemplo não só para mulheres, mas para todos. A Edina era bandeira, abriu mão do escudo da FIFA, de árbitra internacional, porque tinha o sonho de ser árbitra central. Então, ela voltou às categorias de base, começou a apitar na base, largando o escudo internacional de auxiliar. Ela já conseguiu alcançar o quadro internacional como árbitra central e, hoje, está chegando na Série A. Para mim, ela é um exemplo para todo mundo – destacou.

Ao lado de Edina, estará a assistente Neuza Back, que irá com ela na Copa do Mundo da França 2019. Tatiane Camargo, a auxiliar que completa o trio do Mundial Feminino, está se recuperando de uma lesão e não foi escalada. Mas o outro assistente da partida também tem pedigree de Mundial: Emerson Augusto de Carvalho, que foi auxiliar durante a Copa da Rússia, em 2018.

Para Gaciba, esta escalação às vésperas da Copa do Mundo tem tudo para dar ainda mais força para a equipe brasileira durante o torneio.

– O time brasileiro que vai para o Mundial chega como um dos mais fortes do mundo. E eu tenho certeza que essa escala na Série A vai dar muito mais força mental para elas para chegarem ao Mundial e fazer um excelente trabalho – concluiu.

Mulheres não apitam Série A do Brasileirão desde 2005

09/01/2015

https://refnews.wordpress.com/tag/silvia-regina/

Em outubro de 2005, o Paysandu venceu o Fortaleza por 2 x 1, pela Série A do Campeonato Brasileiro. O que realmente importa desse jogo é a ficha técnica. Está lá: “Arbitragem de Sílvia Regina de Oliveira”. Essa foi a última vez que uma mulher esteve com o apito em uma partida da elite nacional. Lá se vão nove anos de ausência feminina no centro da arbitragem — elas são frequentemente vistas do lado de fora do campo, como árbitras assistentes.

As razões para essa ausência são várias, na avaliação das próprias árbitras. Desde 2006, quando a Fifa alterou a avaliação física, as chances diminuíram.

Há oito anos, as mulheres precisam passar pela mesma avaliação dos homens. As seguidas reprovações levam ao desânimo. Assim, elas muitas vezes preferem concentrar as forças na carreira de assistente. E ainda há o machismo, mesmo que não seja unanimidade entre as mulheres.

No Campeonato Brasileiro de 2013, elas apareceram em 78 dos 380 jogos disputados, nas funções de assistente, assessora e quinta árbitra. Em 2014  participação foi até menor. Até a 14ª rodada, cinco partidas tiveram ajuda delas — em 2013, haviam sido 14 participações no mesmo período. O espaço parece ficar cada vez menor.

Das sete profissionais identificadas como árbitras no quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), apenas uma atingiu o índice masculino. Mas ela não cumpre o requisito de experiência de dois anos na principal divisão do estado.

Sílvia Regina ainda trabalha na Série A, mas como assessora. Experiente no assunto, reconhece a diminuição dessas aparições, mas rechaça haver falta de oportunidade. “É necessário ter características de atleta aliadas ao bom perfil para conduzir um jogo”, explica. Sílvia também presta serviços para a Federação Paulista de Futebol (FPF), onde há bom espaço para as mulheres. “As meninas reconhecem que as oportunidades são muitas, e as portas estão abertas para quem cumpre as diretrizes que o futebol moderno exige”, jura.

Regildenia de Holanda Moura tentou completar o teste físico para apitar a Série A em 2014. Não conseguiu. Além da dificuldade física, ela teve outro problema. “O psicológico pesou”, reconhece.

Na avaliação das assistentes com as quais o Correio conversou, é justo exigir das mulheres o teste físico masculino. No entendimento delas, os direitos e deveres se equiparam. “Esse teste ficou mais próximo da realidade do jogo”, admite Regildenia. “Sempre achei que deveria ser assim”, corrobora Sílvia Regina.

O pensamento delas é compartilhado pelo presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, para quem uma mulher não seria capaz de acompanhar uma partida masculina da Série A somente com o índice feminino no teste físico. “Em minha opinião, pelas exigências físicas do futebol moderno, não.”

Ausência vai se prolongar

As assistentes de hoje não se animam muito quando falam sobre o futuro. Pode ser que o Brasil tenha de esperar outros anos para ver uma mulher apitar um jogo da primeira divisão nacional. Considerado “desumano” por Regildenia de Holanda Moura, o teste físico continuará a ser uma barreira.

– “Sinceramente, não tenho nenhuma esperança, nenhuma expectativa de que vejamos uma mulher no apito daqui a alguns anos”, lamenta.

Essa prolongada ausência desestimulou Larissa Gabrielly. A assistente de 22 anos fez o curso de arbitragem em 2009 e, desde então, trabalhou em diversos jogos, inclusive internacionais. Ela foi auxiliar no Torneio Internacional Feminino, no Mané Garrincha, em dezembro passado. A dificuldade enfrentada pelas mulheres a levou a se concentrar no trabalho com a bandeira.

– “Por mais que falem que não tem machismo, tem sim. A mulher é mais atenta que o homem”, provoca. “Há 0% de machismo”, rebate Sílvia Regina, ex-árbitra que presta serviços a CBF e FPF.

Fernanda Colombo

Protagonista do último caso de ataque masculino, Fernanda Colombo, da Federação Catarinense, não cita o preconceito dos homens ao falar sobre a falta de arbitragem feminina na primeira divisão brasileira. Fernanda considera o teste físico uma das razões da quase década de ausência, mas surpreende ao citar o motivo principal. “A falta de incentivo e da própria iniciativa das mulheres em quererem apitar fazem diferença”, considera.

A projeção feita por Fernanda é a única a destoar. Mesmo depois de sofrer uma agressão verbal por um diretor do Cruzeiro após o clássico com o Atlético-MG, a catarinense acredita em uma mudança. “Com certeza é possível. Tudo indica que isso vai acontecer”, imagina. Falta definir como.

Na Playboy

Em maio, Fernanda assinalou impedimento inexistente no clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, pela Série A do Brasileiro, e virou assunto nacional. “Se ela é bonitinha, que vá posar na Playboy”, disse, à época, Alexandre Mattos, diretor de Futebol do Cruzeiro.

Fonte: Superesportes