Edina Alves será primeira árbitra na Série A em mais de uma década
21/05/2019 às 12:39 | Assessoria CBF
Paranaense está escalada para jogo entre CSA e Goiás, em Maceió, que será o primeiro apitado por uma mulher na Série A desde 2005
Edina Alves será a árbitra da partida entre CSA e Goiás, pela Série A do Brasileirão. A escalação da árbitra paranaense representa um momento histórico para o futebol brasileiro. Após quase 14 anos, uma mulher voltará a apitar um jogo de futebol da Série A do Brasileirão.
A última partida da Série A arbitrada por uma mulher foi em 2005, no duelo entre Fortaleza e Paysandu, pelo segundo turno. A responsável pelo jogo foi Silvia Regina, que acompanhará de perto o confronto deste domingo. A ex-árbitra será a supervisora do VAR (árbitro de vídeo) no Rei Pelé, em Maceió.
A escalação de Edina foi apontada por Leonardo Gaciba, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, como um marco para a arbitragem brasileira. Mas, além disso, como um momento merecido pela árbitra paranaense.
– Eu só consigo ver meus árbitros como pessoas iguais. Acho que ela serve como exemplo não só para mulheres, mas para todos. A Edina era bandeira, abriu mão do escudo da FIFA, de árbitra internacional, porque tinha o sonho de ser árbitra central. Então, ela voltou às categorias de base, começou a apitar na base, largando o escudo internacional de auxiliar. Ela já conseguiu alcançar o quadro internacional como árbitra central e, hoje, está chegando na Série A. Para mim, ela é um exemplo para todo mundo – destacou.
Ao lado de Edina, estará a assistente Neuza Back, que irá com ela na Copa do Mundo da França 2019. Tatiane Camargo, a auxiliar que completa o trio do Mundial Feminino, está se recuperando de uma lesão e não foi escalada. Mas o outro assistente da partida também tem pedigree de Mundial: Emerson Augusto de Carvalho, que foi auxiliar durante a Copa da Rússia, em 2018.
Para Gaciba, esta escalação às vésperas da Copa do Mundo tem tudo para dar ainda mais força para a equipe brasileira durante o torneio.
– O time brasileiro que vai para o Mundial chega como um dos mais fortes do mundo. E eu tenho certeza que essa escala na Série A vai dar muito mais força mental para elas para chegarem ao Mundial e fazer um excelente trabalho – concluiu.
Mulheres não apitam Série A do Brasileirão desde 2005
09/01/2015
https://refnews.wordpress.com/tag/silvia-regina/
Em outubro de 2005, o Paysandu venceu o Fortaleza por 2 x 1, pela Série A do Campeonato Brasileiro. O que realmente importa desse jogo é a ficha técnica. Está lá: “Arbitragem de Sílvia Regina de Oliveira”. Essa foi a última vez que uma mulher esteve com o apito em uma partida da elite nacional. Lá se vão nove anos de ausência feminina no centro da arbitragem — elas são frequentemente vistas do lado de fora do campo, como árbitras assistentes.
As razões para essa ausência são várias, na avaliação das próprias árbitras. Desde 2006, quando a Fifa alterou a avaliação física, as chances diminuíram.
Há oito anos, as mulheres precisam passar pela mesma avaliação dos homens. As seguidas reprovações levam ao desânimo. Assim, elas muitas vezes preferem concentrar as forças na carreira de assistente. E ainda há o machismo, mesmo que não seja unanimidade entre as mulheres.
No Campeonato Brasileiro de 2013, elas apareceram em 78 dos 380 jogos disputados, nas funções de assistente, assessora e quinta árbitra. Em 2014 participação foi até menor. Até a 14ª rodada, cinco partidas tiveram ajuda delas — em 2013, haviam sido 14 participações no mesmo período. O espaço parece ficar cada vez menor.
Das sete profissionais identificadas como árbitras no quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), apenas uma atingiu o índice masculino. Mas ela não cumpre o requisito de experiência de dois anos na principal divisão do estado.
Sílvia Regina ainda trabalha na Série A, mas como assessora. Experiente no assunto, reconhece a diminuição dessas aparições, mas rechaça haver falta de oportunidade. “É necessário ter características de atleta aliadas ao bom perfil para conduzir um jogo”, explica. Sílvia também presta serviços para a Federação Paulista de Futebol (FPF), onde há bom espaço para as mulheres. “As meninas reconhecem que as oportunidades são muitas, e as portas estão abertas para quem cumpre as diretrizes que o futebol moderno exige”, jura.
Regildenia de Holanda Moura tentou completar o teste físico para apitar a Série A em 2014. Não conseguiu. Além da dificuldade física, ela teve outro problema. “O psicológico pesou”, reconhece.
Na avaliação das assistentes com as quais o Correio conversou, é justo exigir das mulheres o teste físico masculino. No entendimento delas, os direitos e deveres se equiparam. “Esse teste ficou mais próximo da realidade do jogo”, admite Regildenia. “Sempre achei que deveria ser assim”, corrobora Sílvia Regina.
O pensamento delas é compartilhado pelo presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, para quem uma mulher não seria capaz de acompanhar uma partida masculina da Série A somente com o índice feminino no teste físico. “Em minha opinião, pelas exigências físicas do futebol moderno, não.”
Ausência vai se prolongar
As assistentes de hoje não se animam muito quando falam sobre o futuro. Pode ser que o Brasil tenha de esperar outros anos para ver uma mulher apitar um jogo da primeira divisão nacional. Considerado “desumano” por Regildenia de Holanda Moura, o teste físico continuará a ser uma barreira.
– “Sinceramente, não tenho nenhuma esperança, nenhuma expectativa de que vejamos uma mulher no apito daqui a alguns anos”, lamenta.
Essa prolongada ausência desestimulou Larissa Gabrielly. A assistente de 22 anos fez o curso de arbitragem em 2009 e, desde então, trabalhou em diversos jogos, inclusive internacionais. Ela foi auxiliar no Torneio Internacional Feminino, no Mané Garrincha, em dezembro passado. A dificuldade enfrentada pelas mulheres a levou a se concentrar no trabalho com a bandeira.
– “Por mais que falem que não tem machismo, tem sim. A mulher é mais atenta que o homem”, provoca. “Há 0% de machismo”, rebate Sílvia Regina, ex-árbitra que presta serviços a CBF e FPF.
Protagonista do último caso de ataque masculino, Fernanda Colombo, da Federação Catarinense, não cita o preconceito dos homens ao falar sobre a falta de arbitragem feminina na primeira divisão brasileira. Fernanda considera o teste físico uma das razões da quase década de ausência, mas surpreende ao citar o motivo principal. “A falta de incentivo e da própria iniciativa das mulheres em quererem apitar fazem diferença”, considera.
A projeção feita por Fernanda é a única a destoar. Mesmo depois de sofrer uma agressão verbal por um diretor do Cruzeiro após o clássico com o Atlético-MG, a catarinense acredita em uma mudança. “Com certeza é possível. Tudo indica que isso vai acontecer”, imagina. Falta definir como.
Na Playboy
Em maio, Fernanda assinalou impedimento inexistente no clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, pela Série A do Brasileiro, e virou assunto nacional. “Se ela é bonitinha, que vá posar na Playboy”, disse, à época, Alexandre Mattos, diretor de Futebol do Cruzeiro.
Fonte: Superesportes