Por dentro do VAR

“Quem não gostaria de ter uma segunda chance para corrigir algum erro na vida?”. Com essa frase, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, simplificou qual a missão do VAR (árbitro de vídeo) no futebol. O mecanismo é a grande novidade da temporada 2019 no Campeonato Brasileiro. Todos os 380 jogos da principal competição de clubes do Brasil terão a presença do VAR.
A convite da CBF, o Destak participou de um treinamento sobre o dispositivo de arbitragem. De acordo com Gaciba, o uso do VAR veio para dar aos árbitros a chance de corrigir erros claros e fazer justiça no futebol.
“A função é corrigir erros graves da arbitragem, para que ela não cometa erros graves e impactantes no jogo. Eu gostaria muito de, na minha época de árbitro, poder ter esse recurso e sair de campo com a convicção que eu acertei nos momentos capitais da partida”, disse o presidente da comissão de arbitragem da CBF.
Com a adoção no VAR no Campeonato Brasileiro, o Brasil se torna o primeiro país da América a utilizar o recurso em seu principal campeonato. Além disso, com os jogos de campeonatos estaduais, o país terminará o ano como o que mais teve jogos sob a tutela do VAR em 2019.
Durante a partida, sete profissionais estarão na cabine dedicada à análise de vídeo, chamada de VOR (Sala de Operações de Vídeo, na tradução do inglês). Além do VAR, ainda há dois árbitros que atuam como AVAR (assistentes do VAR). Um deles fica responsável por auxiliar o árbitro nas marcações de possíveis infrações durante a partida e o segundo assistente cuida exclusivamente de lances de impedimento. A cabine do VOR ainda conta com um operador de replay, assistente de revisão, suporte técnico e um supervisor.
O VAR precisa de oito câmeras para atuar e recebe o sinal das câmeras das transmissões televisivas, mas as imagens são operadas de forma independente. Em jogos em que a tranmissão for feita com menos de oito câmeras, a CBF disponibilizará o restante necessário ao VAR.
De acordo com a comissão de arbitragem da CBF, o curso para formar uma turma de 20 árbitros demora 21 dias. Atualmente, a entidade tem 90 árbitros capacitados para atuar como VAR e 184 para atuar como AVAR.
Uma das principais críticas em relação à utilização do recurso do vídeo nos campeonatos estaduais foi em relação ao tempo de demora na checagem dos lances. Durante a Copa do Brasil do ano passado, o tempo médio de paralisação para revisões foi de 1 minuto e 26 segundos.
“No momento, eu não estou preocupado com questão de tempo ou número de checagens. A minha preocupação maior é com o nível de acerto”, afirmou Gaciba.
Outra grande reclamação é em relação às muitas paralisações durante a partida para a comunicação entre o árbitro do campo e o VAR. Apesar de a decisão final ser do juiz do jogo, muitos acreditam que o árbitro de vídeo está tirando a autonomia das decisões tomadas dentro de campo. De acordo com Gaciba, o principal desafio da arbitragem é encontrar o limite certo do que ele chamou de “linha de intervenção”.
“O grande desafio é encontrar qual é essa linha tênue sobre o que é um erro claro de um lance interpretativo, no qual deve-se respeitar a decisão do campo”
O VAR está apto a atuar em quatro tipos de jogadas decisivas: gol, pênalti, expulsão e identificação de jogadores.