Sinbaf, 16 de julho de 2015
Foram cerca de 800 jogos oficiais no currículo como árbitro dos quadros da Federação Bahiana de Futebol (FBF), Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e Aspirante à FIFA. O dono desta vasta experiência atende pelo nome de Paulo Jackson Mota da Silveira.
O baiano, mais conhecido como Paulo Jackson ganhou fama em todo o país como árbitro central. Entre os principais jogos que apitou estão clássicos BAVIs, um amistoso entre as Seleções de Brasil e Uruguai, além de duelos nacionais como Vasco x São Paulo, Cruzeiro x São Paulo, Atlético (MG) x Guarani, Atlético (MG) x Paraná, Sport x Internacional, Grêmio x Bragantino, Ceará x Santa Cruz, Botafogo x Guarani e Portuguesa x Fluminense.
Mas, não foi só no futebol de campo que ele atuou. Jackson também foi árbitro de Futebol de Salão e internacional de Beach Soccer, por onde trabalhou em cinco Campeonatos Brasileiros, uma Zonal do Nordeste, três Copas América, uma Copa Latina e um Campeonato Mundial.
E ainda houve espaço para os prêmios. Pelo bom desempenho, Paulo Jackson recebeu premiações de melhor árbitro de 1993 e 1994 pela ABCD e melhor árbitro de 1995 pela TV Itapoan.
Hoje, aos 61 anos, o ex-árbitro e servidor público, que chegou a colaborar como membro do Departamento de Arbitragem da FBF e da Comissão Estadual de Árbitros de Futebol Ceaf-BA) atua como palestrante e comentarista de arbitragem em uma rádio de Salvador. Em um bate-papo com o portal Sinbaf, ele contou detalhes da sua carreira vitoriosa pelos campos do país.
CONFIRA ABAIXO A ENTREVISTA COMPLETA COM PAULO JACKSON MOTA DA SILVEIRA:
Sinbaf: O que te fez escolher ser árbitro de futebol? O que a profissão representa na sua vida?
Desde garoto a figura do árbitro de futebol chamava a minha atenção, nas peladas com amigos e nos campeonatos de futebol que participei era sempre convocado para apitar pelo meu gosto pela arbitragem. O amigo José Raimundo da Silva Reis (falecido) ao saber do curso de arbitragem na Federação Bahiana de Futebol me convidou e juntos nos inscrevemos e concluímos o curso, a partir daí iniciei a minha carreira. A capacidade de decisão sempre me fascinou na arbitragem e a profissão de árbitro foi um exercício de fé, coragem e prazer, representando uma coluna positiva e fundamental na formação do meu caráter na minha vida pessoal e profissional. Sou graduado em Administração e graduando em História, atualmente sou servidor federal na UFRB-Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, tenho 61 anos, 04 filhos e 01 neto.
Sinbaf: Quando começou a carreira?
Me formei pela FBF-Federação Bahiana de Futebol na turma de 1982/1983 a mesma de José Raimundo da Silva Reis, Arnaldo Menezes, Fernando Andrade, Williams Cavalcanti e Marivaldo Bispo dentre outros, sendo o orador da turma. Formei pela FBFS-Federação Bahiana de Futebol de Salão em 1983 como Oficial de Arbitragem de Futebol de Salão apitando diversos campeonatos de empresas e comunidades sendo que em 1994 com a criação no Brasil do Beach Soccer (futebol de areia) fui o primeiro baiano a atuar pela CBBS-Confederação Brasileira de Beach Soccer chegando a árbitro internacional da BSW-Beach Soccer Worldwide.
Sinbaf: Quantos anos teve de carreira e quantos ficou no quadro da FBF, CBF e FIFA (caso tenha feito parte da FIFA também)?
Apitei futebol de campo pela FBF durante 16 anos, integrei quadro nacional da CBF durante 13 anos dos quais 11 anos como Aspirante FIFA.

Sinbaf: Quantos jogos apitou em toda a carreira? Qual deles considera o mais importante, aquele que nunca esquecerá?
Tentei mensurar o total de jogos apitados durante a minha carreira de árbitro de futebol mais confesso a dificuldade em manter estes registros, estimo aproximadamente em torno de 800 jogos em competições oficiais durante os 19 anos de arbitragem. Nos Campeonatos Baianos sem dúvida alguma os jogos entre Ba x VI são inesquecíveis pela mística, pela rivalidade e pelas torcidas, sem esquecer o Campeonato Intermunicipal onde apitei diversas finais e que sempre teve um lugar especial no meu coração. Nos Campeonatos Brasileiros o jogo que me marcou dentre muitos foi a primeira vez que apitei no Maracanã um clássico brasileiro entre Vasco x São Paulo ao vivo para todo Brasil. E outro jogo inesquecível foi um amistoso entre Brasil x Uruguai na Fonte Nova quando atuei como assistente.
Sinbaf: Como você enxerga a arbitragem brasileira hoje? Evoluiu?
Entendo que a arbitragem brasileira evoluiu bastante nos últimos anos em função de diversas ações adotadas pela CONAF/CBF como o processo de renovação, a adoção de novas tecnologias, a melhoria no preparo físico, técnico e emocional dos árbitros, a criação da Escola Nacional de Arbitragem, melhor estrutura das Comissões de Arbitragem Estaduais dentre várias melhorias. A arbitragem brasileira hoje é uma das mais competentes no mundo.
Sinbaf: E a arbitragem baiana? Vê novas revelações surgindo que possam manter o nível da arbitragem da Bahia?
A arbitragem baiana é muito lenta no processo de renovação e a mentalidade dos nossos dirigentes ainda é muito arcaica, necessitando de um trabalho com mais independência e autonomia para se desenvolver. As novas revelações são muito poucas e restritas em virtude das dificuldades citadas, ou se muda a mentalidade ou teremos sérias dificuldades com o quadro de árbitros baianos num futuro bem próximo. Os atuais árbitros não devem absolutamente nada em competência e qualidade aos demais árbitros nacionais, muitos já se encontram preste a encerrar as atividade em função da idade limite e alguns árbitros jovens apresentam potencial a serem desenvolvidos.

Sinbaf: O que você acha que falta ao árbitro de futebol em termos de apoio e estrutura para desempenhar a profissão?
A absorção de novas tecnologias ainda são muito contestadas e desenvolvidas lentamente na arbitragem em função do conservadorismo da International Board responsável pela gestão das regras, necessitamos utiliza-las melhor. A profissionalização do árbitro é fundamental em função do dinamismo do esporte e a as comissões de arbitragem devem a cada dia pautar o seu trabalho em funções técnicas com mais autonomia e independência abstraindo-se o máximo possível das questões políticas. A capacitação e qualificação dos árbitros deve ser incentivada e aprimorada nas Federações e a remuneração e direitos trabalhistas aperfeiçoadas em função do grau de responsabilidade e dificuldades da atividade.
Sinbaf: Qual seu ídolo na arbitragem e por que?
Não tive um ídolo especifico, procurei pautar e extrair as características positivas de diversos árbitros de minha época, na Bahia sempre tive uma admiração especial pelo amigo Manoel Serapião Filho pelas suas qualidades técnicas e pessoais.

Sinbaf: Você ainda trabalha ou colabora com a arbitragem fora de campo? De qual forma?
Após encerrar minhas atividade como árbitro de futebol atuei por 02 anos como Gerente do Departamento de Árbitros da FBF-Federação Bahiana de Futebol e membro da CEAF-Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol, eventualmente atuo como palestrante em arbitragem de futebol e atualmente sou comentarista esportivo da Rádio Metrópole.
Sinbaf: Que conselho você dá para aqueles jovens que têm o sonho de se tornar árbitros de futebol?
Busquem o aprendizado continuo com perseverança, mantenham-se dignos e corretos em quaisquer circunstância, não sejam subservientes nem submetam-se aos caprichos de dirigentes, tenham personalidade e independência. Visualizem o outro árbitro como companheiro nunca como concorrente ou inimigo, o respeito mútuo é fundamental para o sucesso em qualquer atividade humana, lembrem-se, a atividade de arbitragem é uma atividade coletiva e o trabalho deve ser sempre em equipe o sucesso será de todos. Não tenham medo nem pensem na próxima partida, a melhor partida será sempre a que está se apitando, as demais virão em consequência da qualidade do trabalho apresentado, foco, concentração e objetividade sempre. Só erra quem apita e o erro deve ser um aprendizado para evita-lo futuramente, cada partida é uma nova história. Dominem as regras, estudem cotidianamente, assistam outras arbitragens e sejam humildes, a prepotência e arrogância é um recurso dos fracos e incompetentes.