Sinbaf, 23 de fevereiro de 2015
Tudo começou em 1993. Naquele ano, durante uma aula do curso de Educação Física na Universidade Católica do Salvador (Ucsal), Manoel Nunes Lopo Garrido iniciou sua história vitoriosa na arbitragem.
Convidado para apitar, de forma amadora, jogos de futebol das Olimpíadas Batistas, o baiano aceitou o desafio e não fez feio. Um ano depois, já se formava árbitro profissional em curso promovido pela própria Ucsal, em parceria com a Federação Bahiana de Futebol (FBF).
Daí em diante foram 20 anos de arbitragem pela entidade estadual, sendo 18 destes também integrado ao quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ao final de 2014, após mais de 600 jogos no currículo, Garrido, como é chamado pelos colegas “pendurou” o apito.
Manoel Garrido, ao centro
Em uma entrevista ao novo portal do Sinbaf, o agora éx-árbitro contou detalhes sobre sua carreira e revelou como será sua relação com a arbitragem daqui para frente. Confira abaixo o bate-papo com Manoel Garrido:
Sinbaf: O que te fez escolher ser árbitro de futebol? O que a profissão representa na sua vida?
Manoel Garrido: Eu não escolhi a arbitragem, ela me escolheu, sendo uma coincidência muito boa na minha vida. E representou muito na minha vida, me dando um norte em objetivos, disciplina e organização.
Sinbaf: Quando começou a carreira?
Manoel Garrido: Em 1993 de maneira amadora. Como falei anteriormente uma coincidência. Cursava Educação Física na Universidade Católica de Salvador e estava na aula teórica da matéria Futebol em uma das salas do antigo Estádio de Pituaçu quando alguns organizadores das Olimpíadas Batistas entrou na sala e solicitou que alguns estudantes pudessem arbitrar os jogos da competição de Futebol de campo, onde dentre cinquenta alunos ninguém se prontificou, olhando para todos e sem saber o que era arbitrar e nem ser Árbitro, levantei o braço e aceitei o desafio que logo após mas uns dois colegas também se prontificaram. Daí começou amadoristicamente. em 1994 participei de um curso promovido pela FBF/Ucsal e em 02 de Dezembro de 1994 me formei e comecei a atuar pela entidade Estadual.
Sinbaf: Quantos anos teve de carreira e quantos ficou no quadro da CBF?
Manoel Garrido: Foram 20 anos de Federação Bahiana de Futebol e a partir de 1996 ingressei no Quadro Nacional totalizando 18 anos de Confederação Brasileira de Futebol.
Manoel Garrido ao apitar um clássico BAVI em 2003
Sinbaf: Quantos jogos apitou em toda a carreira? Qual deles considera o mais importante, aquele que nunca esquecerá?
Manoel Garrido: Contabilizava o número de jogos até 2003, a partir daí não anotei mais. Então não sei exatamente o número de jogos. Provavelmente entre jogos Profissionais dos jogos administrados pela Federação Bahiana, do Brasileiro em todas as séries com certeza ultrapassa o número de 600 jogos. Todos os jogos são importantes, foram muitas finais e jogos inesquecíveis.
Sinbaf: Como você enxerga a arbitragem brasileira hoje? Evoluiu?
Manoel Garrido: O cenário da arbitragem brasileira hoje mudou muito, e desde a entrada do gestor Sérgio Correa, não se tem lugar para amadorismo. As exigências na atualidade são bem mais elevadas em relação à época que comecei, melhorou muito.
Sinbaf: E a arbitragem baiana? Vê novas revelações surgindo que possam manter o nível da arbitragem da Bahia?
Manoel Garrido: Temos na Bahia vários nomes, porém, não como revelação e sim como uma realidade tendo como exemplos o Emerson Ricardo, Rafael Almeida e Diego Pombo.
Manoel Garrido, pouco antes da aposentadoria, ao lado da esposa e filha
Sinbaf: O que você acha que falta ao árbitro de futebol em termos de apoio e estrutura para desempenhar a profissão?
Manoel Garrido: Falta independência, A arbitragem é a terceira equipe dentro do campo de futebol, temos os comandantes em cada equipe e temos que ter o nosso comando. Temos que ter a liberdade com responsabilidade de nos gerir, ganhar um norte que será bom para a evolução da categoria, sei que ainda é um pouco utópico pensar desta maneira, mas….. o tempo e as ações dirão.
Sinbaf: Qual seu ídolo na arbitragem e por quê?
Manoel Garrido: Quando comecei, nunca me espelhei em um Árbitro em especifico e sim nas qualidades que cada um tinha de melhor. A qualidade física de um, a técnica do outro, questão disciplinar.
Sinbaf: Agora, com o aumento do limite de idade para apitar para 50 anos, você se arrepende de ter parado? Por quê?
Manoel Garrido: Já tinha a noticia que ocorreria a elevação de 45 para os 50 anos no limite de idade na função, porém, eu me preparei física e psicologicamente para chegar até os 45 e fechar com chave de ouro. E assim foi.
Sinbaf: E agora que aposentou, pretende continuar colaborado com a arbitragem fora de campo? De qual forma?
Manoel Garrido: O que pude fazer dentro e fora de campo para favorecer a arbitragem e os Árbitros eu fiz, porém, pretendo me afastar ao menos um ano para descansar. E ainda possuo a missão de colaborar no Sinbaf e ao amigo e Presidente da Entidade Arilson Bispo da Anunciação a concluir a gestão deste mandato na função de tesoureiro do Sindicato.