Anda armado e, quando é preciso, briga de revólver na mão. Mas em campo sabe levar uma partida, dialoga com os jogadores, impõe sua autoridade e não tem medo de nada. Nem de usar um pouco de laquê para pentear seus cabelos louros. O estádio estarrecido com a cena. E ninguém sabia de tudo o que estava acontecendo lá embaixo.
– Não me encha o saco, Chevrolet! Xô, sai para lá. Olha o cartãozinho…. Goleiro, qual é a tua? Se quiser, pegue meu apito. Pegue, pegue! Ora, quero que vocês….
Colocou as mãos na cintura, rei do gramado. Indiferente à raiva dos jogadores e a aflição da equipe adversária, ficou rindo sozinho, enquando o craque batia de novo o pênalti que, pela segunda vez, mandava repetir.
Todos se espantaram com o espetáculo quase inédito no futebol brasileiro, embora o juiz apenas cumpria a lei do jogo: o goleiro não pode se mexer antes da cobrança.
O juiz faz isso de uma maneira às vezes engraçada e, sem dúvida, está criando um estilo próprio. Pouco a pouco, vai se tornando o árbitro mais falado do estado graças as suas atitudes ousadas em campo – ora xinga freneticamente os jogadores e expulsa quatro numa partida só (como no clássico do returno, quando recebeu um rádio de prêmio por sua atuação), ora passa noventa minutos brincando com eles e a torcida nem percebe sua presença.
Outro dia, num jogo, chamou de lado os goleiros.
– Escutem, quer ver se vocês vão repetir o vexame do goleiro Valdir lá em Buenos Aires. Foi um papelão. Temos que acabar com o sobrepasso. Se vocês errarem, não se preocupem. Eu faço uma advertência para constar. Mas se reincidirem vai ter, hein?
Em qualquer jogo, ouve a velha reclamação: Não foi falta!
E responde sempre do mesmo jeito:
– Bem, e daí? Não foi, mas eu marquei. Você não pode fazer nada.
Seis de arbitragem profissional, 36 anos de idade, quase 1,90 metro, 83 quilos, ginasial completo, casado, dois filhos.
Em breve pode ocupar o posto de grande estrela do apito, possivelmente vago no ano seguinte com a anunciada aposentadoria do número um. Não lhe faltam qualidades, nem quem as reconheça.
– Quando tenho um jogo duro, o escalo. E durmo tranquilo diz o presidente do departamento de árbitros.
– É um dos melhores juízes que já conheci. Às vezes se perde em discussões com os jogadores, mas essa não seria mais uma virtude sua? Diz um grande craque: Com ele, a gente pode reclamar sem correr o risco da expulsão.
– Os juízes se impõem, no futebol brasileiro, não são os excessivamente técnicos, mas os que têm pulso e demonstram sua autoridade em campo, como o antigo árbitro Mário Vianna, por exemplo.
Este árbitro é dessa escola e por isso vai ficar (um grande comentarista da época).
– O cara é um sarro. Nunca me esqueço de um jogo no interior, onde estive emprestado.
Estava 0 a 0 e era uma dessa partidas horríveis que fazem o torcedor voltar para casa. Aí ele chegou para nós e disse: “vamos parar de dar balãozinho e chutar para os lados. Sr vocês não jogarem futebol decente eu encerro este jogo.” E não é que o jogo melhorou? (um meia e treinador de sucesso).
(….)
Segue amanhã…..
Neste post não coloquei algumas informações, mas deixei algumas dicas que podem levar a figura oculta do Melhor Juiz do Brasil!.
Reproduzi uma pequena parte do texto de uma revista esportiva famosa e, mesmo com tudo sendo digital, continua sendo publicada.
Vida que segue e até qualquer dia!
Imagem destacada:
El Sr. Oleg Shuplyak es un pintor surrealista ucraniano cuya obra se centra en retratos de personalidades famosas en la que los objetos y paisajes comunes son sus caras distintivas en forma combinada.