#reportagem: Arbitragem de vídeo dá mais dois passos importantes no futebol. Um deles no Brasil
A arbitragem de vídeo está ganhando espaço no futebol em ritmo muito acelerado, para desgosto de quem ainda torce o nariz para ela – e não é pouca gente. Nesta semana, duas notícias reforçaram a sensação de que o uso da tecnologia para ajudar os árbitros é um caminho sem volta no esporte mais popular do mundo: a final do Campeonato Pernambucano, neste fim de semana, terá o primeiro teste oficial do novo sistema no Brasil e o Campeonato Português adotará a arbitragem de vídeo em definitivo na próxima temporada.
O jogo entre Sport e Salgueiro, domingo, na Ilha do Retiro, será histórico para o futebol brasileiro. Pela primeira vez uma partida oficial contará com o que a Fifa chama de VAR (árbitro auxiliar de vídeo, na sigla em inglês), que consiste no seguinte: em uma cabine instalada nas proximidades do estádio, um árbitro tem à sua disposição vários monitores de tevê com imagens da partida em diversos ângulos. Ele fica em comunicação direta com o juiz da partida, e tem a missão de avisá-lo sempre que este se equivocar em uma decisão, ou quando algo importante escapar à sua visão.
O uso do VAR no Recife será feito em caráter de teste, e terá a supervisão do International Board, órgão que é o guardião das regras do futebol. Segundo a CBF, a utilização da tecnologia seguirá o lema “mínima interferência, máximo benefício”, que, na prática, significa que o árbitro de vídeo deverá entrar em ação apenas em lances que possam mudar o rumo da partida, como um pênalti, um impedimento ou uma expulsão. Exemplo: o juiz marca um pênalti e o árbitro de vídeo, ao rever a jogada em vários ângulos, conclui que não houve a falta. Em seguida, o juiz é informado de seu equívoco e anula a marcação.
É um sistema bem diferente do que é aplicado em outros esportes, como tênis, vôlei e futebol americano, em que um jogador ou um técnico pede a revisão de uma jogada duvidosa. A aposta do International Board é que no futebol a tecnologia será usada de maneira mais ágil, sem quebrar demais o ritmo do jogo.
PORTUGAL ADIANTADO
Em matéria de tecnologia de arbitragem, Portugal está um passo adiante do Brasil – e de quase todos os demais países da Europa, onde o sistema só é usado atualmente na Holanda. Na próxima temporada, o Campeonato Português terá o VAR em todas as suas 306 partidas, ao custo total de aproximadamente 600 mil euros (R$ 2,1 milhões).
Em cada jogo, haverá um caminhão nas proximidades do estádio com uma cabine cheia de monitores, onde vai trabalhar o árbitro responsável pelo VAR. A ideia da Federação Portuguesa de Futebol é ter uma central de vídeo em sua sede, um moderno complexo inaugurado nas proximidades de Lisboa há dois anos. É assim que funciona nas principais ligas dos Estados Unidos. Para isso, no entanto, será necessário que todos os estádios do país possuam fibra ótica, o que ainda vai demorar um pouco para ocorrer.
O mecanismo será o mesmo do teste deste fim de semana em Pernambuco, também seguindo o lema do “mínima interferência, máximo benefício”. Segundo o árbitro português Hugo Miguel, que recentemente apitou um jogo em que o VAR foi usado (entre as seleções sub-21 de Itália e Dinamarca), seus colegas não têm motivos para temer a novidade. “Foi uma maior confiança saber que havia alguém observando o jogo e que a qualquer momento poderia me dar informações úteis, que teriam impacto decisivo sobre a partida”, relatou Miguel. “Sempre que o árbitro de vídeo falar, a prioridade deve ser dada a ele, pois o árbitro pode confiar nas informações que recebe. Mas o árbitro também pode consultar as imagens no campo.”
Em vídeo divulgado pela Federação Portuguesa de Futebol, o árbitro Hugo Miguel explica o funcionamento do VAR
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