ENTREVISTA
Comissão ignora protestos e avisa: vai manter rigor no apito
Confira a seguir a entrevista com Sérgio Corrêa:
Terra – Essa média de oito cartões por jogo na última rodada da Série A do Brasileiro não caracteriza um exagero?
Sérgio Corrêa – Não. Ainda faltou dar cartão. Teve um árbitro que deixou de expulsar um atleta que o ofendeu com palavrões. E os dois estavam de frente um para o outro. Deu pra fazer a leitura labial. Esse árbitro já foi avisado que seu equívoco o tirou da quarta rodada.
Terra – Vários clubes, como Atlético-PR , Palmeiras e Santos, reclamaram do rigor dos árbitros na última rodada...
Sérgio Corrêa – É um direito dos clubes. Mas não podemos recuar. Nas três rodadas iniciais do Brasileiro a média de faltas por partida ficou em torno de 30. Isso é muito bom, é parecida com a média registrada em 2014 na Espanha e Alemanha. E tem outra coisa. Em seis partidas da terceira rodada, nós tivemos 60 minutos de bola rolando. A média dessa rodada foi de 56 minutos. No Brasileiro de 2014 ficou entre 50 e 51 minutos. Então, esse rigor representa a defesa do futebol e expressa um avanço, sem dúvida.
Terra – O presidente do Santos , Modesto Roma Júnior, revoltado com a arbitragem no jogo em que seu time perdeu para a Chapecoense , por 1 a 0, no domingo, chegou a declarar, em entrevista à TV Santa Cecília, de Santos, que o senhor era “o chefe da tribo”…
Sérgio Corrêa – Vou me inteirar disso. Confirmando a declaração, vou passar o caso para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Como eu disse, todos podem reclamar, o que se exige é respeito, educação.
Terra – Como deve agir exatamente um atleta que se vê prejudicado com a marcação da arbitragem?
Sérgio Corrêa – Repito: Não é proibido reclamar. A forma de protestar é que tem de estar dentro de um limite aceitável. Em alguns jogos desse início de Brasileiro também tivemos bons exemplos. Num lance do Flu x Atlético-MG (pela segunda rodada), três jogadores do time mineiro reclamaram de uma marcação com uma distância considerável do árbitro, com as mãos para trás e sem ofender ninguém. Não foram punidos.
Terra – Há também uma recomendação para os árbitros não gesticularem demais no momento de uma punição?
Sérgio Corrêa – Sim, todos os árbitros sabem disso. Não queremos que eles tenham uma postura agressiva na hora de mostrar um cartão. O árbitro não pode achar que o cartão é um porrete. Deve ter equilíbrio.
Terra – Como a Comissão avalia as atuações de árbitros e assistentes?
Sérgio Corrêa – Temos uma equipe de plantão a cada rodada. O delegado do jogo nos ajuda muito com seu relatório. Além disso, definimos um instrutor para todo jogo que é transmitido pela TV. Ele fica de casa com a incumbência de fazer uma análise bem crítica da arbitragem. Depois, nos prepara um relatório confidencial, que nós encaminhamos para o árbitro sem que ele saiba quem elaborou o documento. Isso vai para um banco de dados da comissão e serve de embasamento para as escalas e sorteios futuros.
Terra – Quantos árbitros e assistentes integram o quadro nacional no momento?
Sérgio Corrêa – São 698, espalhados por 26 Estados e o Distrito Federal. E nós estamos aperfeiçoando a comunicação com todos. Quando sai a escala de uma rodada, da Série A, B ou C, e vai ser assim também na Série D , nós criamos um grupo próprio no WhatsApp que integra os árbitros e assistentes daquela rodada. Ali, eles tiram dúvidas e a gente reforça nossa orientação: não tolerar indisciplina.
Terra – A Comissão Nacional de Arbitragem teme novas reclamações pela escolha de árbitros de um Estado do qual pertença um dos clubes envolvido num jogo?
Sérgio Corrêa – Não. Se o árbitro é bom, ele vai mostrar isso em todas as circunstâncias. E na próxima rodada da Série A já vamos ter e o Leandro Vuaden (RS) apitando Inter x São Paulo; e Anderson Daronco (RS) no Goiás x Grêmio. Isso vai ser uma constante no Brasileiro.