São três equipes que participam de um jogo de futebol
04/09/2015 às 17:25 | Assessoria CBF
São três equipes que participam de um jogo de futebol, as duas que se enfrentam e a arbitragem. Cada uma com seus objetivos, buscando o melhor, tentando acertar em todas as suas decisões. Mas mesmo sendo universal e lógica a consciência de que o homem é falível, razão por que seria razoável compreender e, até, aceitar os erros dos árbitros de futebol, quiçá com a mesma benevolência com que são entendidas e tidas como naturais as falhas dos jogadores, treinadores e dirigentes, a realidade é que assim as coisas não se passam. É a invencível força da cultura universal do futebol de que a culpa sempre é do árbitro.
É natural que, ao contrário do que muitos possam pensar, essa regra cultural impõe aos árbitros e à CBF um grande desafio. O de reconhecer os erros e buscar o aperfeiçoamento, tanto por obrigação institucional, como por desejo de triunfo, de acerto, de credibilidade ética e reconhecimento técnico.
Assim tem sido em relação à Comissão de Arbitragem, onde verificamos consideráveis avanços. A elevação do tempo de bola em jogo, a redução do número de faltas, a punição aos jogadores e técnicos que não se reportem com respeito ao árbitro, tudo isso colabora para nossa colocação entre os países em que menos se interrompe o jogo. É visível, inclusive retratado pela própria mídia, a melhoria no aspecto físico dos árbitros.
Somente nesta temporada, a CBF já enviou instrutores para que 22 Federações realizassem suas pré-temporadas. Estão em andamento 27 cursos nos moldes da FIFA. Foram realizadas mais de 30 avaliações físicas e teóricas e quatro cursos internacionais para árbitros de elite, árbitros promissores, instrutores técnicos e físicos. Temos feito um trabalho de avaliação contínuo e responsável, amparado na parceria importante da Ouvidoria e da Corregedoria de Arbitragem.
Todas as medidas têm sido tomadas para minimizar erros. Mas como acertar 100% das 160 decisões que um árbitro toma durante cada partida? Temos a consciência que o erro pontual acompanhará sempre o árbitro de futebol porque ele é humano, não uma divindade. Assim como o centroavante erra o pênalti apesar de sua preparação, como o treinador se equivoca na substituição.
Deve ser lembrado que os jogadores, que são os verdadeiros ídolos, têm a elevada missão de ajudar a trazer o respeito de volta ao futebol por meio de ações éticas nos campos.
Enquanto não entendermos isto, continuaremos a assistir a discursos inflamados. Muitas vezes feitos por dirigentes apaixonados que ultrapassam os limites e geram um clima de animosidade, amparado em inaceitáveis teorias da conspiração sobre favorecimentos a quem quer que seja.
A CBF, as entidades que cuidam da arbitragem, seus instrutores e os próprios árbitros trabalham duramente para alcançar suas metas. Temos convicção da transparência e da idoneidade da arbitragem brasileira e a recíproca, tenho certeza, é verdadeira. Os árbitros e assistentes sabem de sua responsabilidade e têm consciência de que estão sendo avaliados a cada rodada. Erros graves continuarão sendo punidos como tem sido feito. Entendemos que reconhecer o erro e puni-lo seja a melhor forma de instigarmos o conhecimento e desafiarmos os profissionais a se prepararem e serem cada vez melhores, da mesma forma que os clubes afastam seus atletas em busca de uma recuperação técnica.
Isto é o que esperamos de todos os protagonistas do jogo.
Marco Polo Del Nero/Presidente
http://www.cbf.com.br/noticias/a-cbf/artigo-do-presidente-marco-polo-del-nero#.WJn-LlMrLcc