5/12/2016 10h00 – Atualizado em 15/12/2016 10h00
Manoel Serapião diz que demora na utilização da imagem para definir pênalti a favor do Kashima é impraticável e tecnologia acabou produzindo erro em vez de acerto
Por SporTV.com – São Paulo
O instrutor técnico da Escola Nacional de Arbitragem, Manoel Serapião, se juntou ao coro de críticas à forma como o recurso de vídeo foi usado para marcar um pênalti a favor do Kashima Antlers, no Mundial de Clubes, em duelo pelas semifinais contra o Atlético Nacional, nesta quarta-feira. O ex-árbitro da Fifa disse que o uso da tecnologia precisa ser voltado para lances claros, diferente do que se viu na partida. Serapião questionou o mérito da opção pela imagem na medida em que ela teve um efeito contrário: em vez e corrigir um erro, produziu um.
No lance, ocorrido aos 27 minutos do primeiro tempo, o colombiano Berrio derrubou Nishi dentro da área após lançamento. Nada foi marcado, e a partida seguiu normalmente até os 29, quando o árbitro húngaro Viktor Kassai foi à lateral do campo, reviu o lance em um monitor e marcou o pênalti. O japonês, no entanto, estava em posição de impedimento e ainda procurou o contato físico, segundo Serapião.
– O que aconteceu foi que houve um lance de área, de disputa, e o jogador que confrontou, já interferiu no adversário, já se caracterizou um impedimento. O árbitro de vídeo deve ter sinalizado para o árbitro que havia uma dificuldade no lance. O próprio árbitro foi analisar. Um minuto e meio depois é absolutamente impraticável. O treinamento que estamos realizando é para que isso aconteça no máximo em 10, 15 segundos. Imagine que a outra equipe tivesse feito um gol, como seria essa solução? Seria muito complicada. O árbitro de vídeo tem que ser para lances claros e inequívocos. Esse lance é para sentido oposto. Se árbitro tivesse marcado o pênalti, o árbitro de vídeo aproveitaria o tempo para a cobrança e informaria que o jogador que sofreu o pênalti interferiu no adversário fazendo o bloqueio e o impedimento se caracterizou. Então o pênalti seria desmascarado. Infelizmente houve uma desatenção geral, além do tempo.
Jogadores do Kashima Antlers comemoram vaga na final (Foto: Reuters)
A Fifa, no entanto, declarou que considerou acertada o uso do vídeo no lance do pênalti. Segundo a entidade, Nishi não disputava a bola, logo o impedimento não se justificava, assim como também não impediu o avanço do zagueiro colombiano. Na visão de Serapião, porém, a forma como a tecnologia foi usada é ruim para o esporte.
– É preciso colocar limites rígidos ao uso do vídeo, porque o futebol não quer que ele seja subvertido, alterado em sua essência. Um jogo paralisado vai virar futebol americano. No experimento que fizeram em Itália x Alemanha, o árbitro assistente não foi devidamente orientado, porque quando houver dúvida, o árbitro não marca o impedimento. Chamamos no nosso projeto da teoria da convicção absoluta. Então não marca. Se saiu o gol, ele verifica e anula no tempo máximo de 15 segundos. Será informação, não opinião.
Esta foi a primeira vez que o recurso de vídeo foi usado em um jogo oficial da Fifa. Nesta quinta-feira, o Real Madrid entra em campo diante do América-MEX pela outra semifinal, às 8h30, com transmissão ao vivo do SporTV. O vencedor pega o Kashima Antlers na decisão.
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