29/06/2015 21h28 – Atualizado em 29/06/2015 21h45
Sérgio Corrêa não vê exagero em expulsão de Osorio: “Não foi diálogo”
Presidente da Conaf avaliza decisão e diz que árbitro Anderson Daronco errou na redação da súmula. Técnico tricolor é sexto na Série A a ser excluído por reclamação
A tolerância zero da CBF com os reclamões no Campeonato Brasileiro provocou mais uma polêmica. Após ser expulso no intervalo da derrota por 4 a 0 do São Paulo para o Palmeiras, o técnico tricolor, Juan Carlos Osorio, criticou a postura dos árbitros brasileiros e os chamou de intocáveis. Na súmula, o juiz Anderson Daronco escreveu que o colombiano reclamou “com o dedo em riste”. Para a CBF, a expulsão foi correta, e a única falha do árbitro foi na redação da súmula. Sérgio Corrêa, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), diz que faltou o termo “ostensivo” na descrição do lance.
– Conversei com o Daronco, e ele falou que a reclamação foi ostensiva. Não foi só o dedo em riste. Ele saiu da área dele e foi em direção ao Daronco. Não é uma forma normal, não foi um diálogo. O Item 2 da regra 12 do futebol prevê a punição por amarelo por reclamar das decisões dos árbitros. Nós, na circular, acrescentamos a palavra “ostensivamente”, que caberia bem ali. Estamos orientando aos árbitros para que coloquem a palavra, claro quando realmente for uma reclamação ostensiva, como nesse caso. Está todo mundo achando que foi um diálogo, um bate-papo. Não foi – avalia Corrêa.

Na entrevista coletiva após a partida, Osorio se referiu a outros países, como Inglaterra e EUA, onde se pode “conversar como seres humanos”, o que, segundo ele, não acontece na relação com os árbitros nos jogos do Brasileirão. Sérgio Corrêa minimizou a declaração do treinador são-paulino. O presidente da Conaf acredita que o colombiano ainda precise se adaptar ao estilo de arbitragem brasileira, mas não alivia.
– Eu até entendo o caso do Osorio. Tenho certeza que, como ele é inteligente, ele vai se adequar e ver que o Brasil não é um país atrasado como ele deu a entender. Respeito a posição dele, que disse que na Inglaterra, Estados Unidos, são países avançados e há diálogo. O Brasil não é atrasado, está crescendo. Todas essas ações estão trazendo ganho real ao futebol ao ponto de chegarmos a números desses outros países, como no número de faltas. Diminuiu drasticamente. Temos que entender que o treinador e ninguém em campo tem o direito de interpelar o árbitro da forma como ele fez. Se o treinador fosse no meio de campo para falar com o árbitro já estaria invadindo o campo. Só por invasão, ainda sem reclamar, ele já teria que ser expulso – analisa Sérgio Corrêa.
Treinadores e árbitros na mira
Juan Carlos Osorio foi o sexto técnico expulso neste Campeonato Brasileiro por reclamação. Antes, Vinícius Eutrópio, da Chapecoense, Gilson Kleina, do Avaí, Marcelo Fernandes, do Santos, Guto Ferreira, da Ponte Preta, e Argel, do Figueirense, também haviam sido excluídos do campo de jogo. O colombiano, assim como os outros, terá que cumprir suspensão na próxima rodada, conforme prevê o regulamento do torneio. A determinação é novidade no campeonato. Para Corrêa, o número é pequeno e tende a baixar. O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem vê que, além dos treinadores, os jogadores têm se adaptado à nova postura dos árbitros, mas ressalta que os comandantes não estão imunes.
– (Os técnicos) estão sujeitos à expulsão sempre, dependendo da forma como se dirige ao árbitro. Isso foi traçado na reunião de treinadores no início do campeonato. Eles não têm o direito de cobrar, como o árbitro não tem direito de falar da atuação do técnico, de dizer se o treinador está fazendo uma substituição errada, se escalou mal a equipe, ou qualquer outra situação. Não é sua função – enaltece.
Da mesma forma, Corrêa reitera que o exagero dos juízes também está na mira da CBF. Árbitros que demonstrarem abuso de autoridade na punição podem ficar fora de sorteios.
– O árbitro também, se exibir o cartão de forma ostensiva, como quem diz “eu que mando”, será punido. Já tivemos vários, mas não divulgamos. Queremos árbitros com calma e tranquilidade – reforça Sérgio.