Maracanã, 16 de agosto de 2015. Fluminense e Figueirense empatavam em 0 a 0, pela 19ª rodada do Brasileirão. Aos 39 minutos do 1º tempo, o atacante Clayton recebeu na ponta direita, cortou para dentro e a bola subiu. O zagueiro tricolor Marlon interceptou a trajetória dela com a mão e o árbitro Diego Almeida Real apontou a marca do pênalti. Gol do time catarinense.

Na saída de campo, ao ser questionado sobre o lance pelo repórter Eric Faria, da TV Globo, o zagueiro não titubeou.  Escolheu o caminho da verdade e se apresentou como um digno representante do jogo limpo.

– Eu tenho consciência das coisas. Não adianta eu falar que não bateu porque a bola bateu na minha mão. Então, já que a bola pegou, foi pênalti, infelizmente. Mas, agora, vamos buscar virar o jogo porque o Fluminense está muito bem – disse Marlon.

As atitudes de Marlon chamaram a atenção do presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, que vai indicar o zagueiro para o Prêmio Fair Play da FIFA. A honraria é entregue no FIFA Ballon d’Or Gala, a mesma cerimônia da Bola de Ouro da entidade máxima do futebol mundial.

– Assisti a tudo com muito orgulho. O jogador teve uma atitude ética, exemplar, e mostrou que o esporte combina com lealdade e desempenho. Erros acontecem, mas o Marlon provou que o jogo limpo está acima de qualquer resultado. Ele merece a indicação e o nosso agradecimento – afirmou Sérgio Corrêa.

O zagueiro do Fluminense teve seu contrato renovado até 2019 e comemorou o bom momento que está vivendo, com o reconhecimento do clube pelo qual se formou jogador de futebol. Para o jogador, aquilo que está sendo colhido agora vem sendo plantado desde cedo graças à educação recebida da família.

– Agradeço muito essa indicação, mas fiz aquilo que costumo fazer no dia a dia da minha vida. Meus pais me ensinaram a ser sempre correto e nunca usar de mentiras para conseguir as coisas. Infelizmente, aconteceu o lance e acabei prejudicando o meu time. Ainda bem que conseguimos a virada e o lance ficou só como mais um aprendizado pra minha vida – afirmou Marlon, de 20 anos.