BRASILEIRÃO 2017
08/12/2017 às 19:25 | Assessoria CBF
Arbitragem tem 90,9% de acertos em impedimentos

O Campeonato Brasileiro 2017 chegou ao fim no último domingo (3). A competição marcou o primeiro ano de utilização da ferramenta RADAR (Relatório de Análise de Desempenho de Arbitragem) pela Comissão de Arbitragem da CBF. Nas jogadas que necessitam decisão do assistente se houve ou não impedimento, 2.259 foram analisadas e arquivados no banco de dados em vídeos.
O número de acertos foi de 2.054, que resulta em 90,9%. Incluindo marcações erradas e a não interrupção das jogadas irregulares, foram 205 erros. O assistente Guilherme Dias Camilo (FIFA/MG) se destacou no critério. Ele assinalou 30 impedimentos em 19 jogos e errou apenas em três oportunidades, sendo que em nenhuma delas houve interferência no resultado ou no time vencedor da partida.
O RADAR avaliou durante todo o Campeonato Brasileiro a atuação dos árbitros de maneira mais científica e menos subjetiva. Com analistas de vídeo e campo, o método do Departamento de Análise de Desempenho da Comissão de Arbitragem visa não deixar escapar o que ocorre dentro das quatro linhas, mas também pontuar de maneira objetiva cada lance marcado no decorrer dos jogos.
Há uma importância para os lances ajustados, considerados mais difíceis, que geram uma discussão maior. Nestas e em todas situações é passado um feedback aos árbitros não só dos erros, mas também dos acertos, algo que atende aos desejos dos próprios assistentes. Alinhando teoria à estatística de erros e acertos, é possível mensurar toda a parte técnica da arbitragem brasileira através do RADAR.
– Não estamos mais preocupados apenas com o que o árbitro marcou, mas também com o momento que se deixa de levantar a bandeira numa aparente situação de impedimento. A Comissão entendeu que dentro deste novo conceito é gerado um impacto importante, que permite que você consiga analisar se aquele assistente tem uma capacidade de discernir o lance de uma forma mais eficiente. Isso é o que a gente tem buscado, que você olhe o contexto da jogada e tente até qualificar melhor o lance, estratificando ele para avaliar melhor o desempenho do assistente – destacou o estatístico Ítalo Medeiros, consultor da Comissão de Arbitragem da CBF.
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No site globo.com trouxe dados incompletos, ou seja, enquanto o RADAR traz 5 variáveis (número de jogos, média de escalas; partidas com ou sem interferência no vencedor ou placar, número de vezes entre os três melhores no ranking; marcações certas e erradas e as que não ocorreram marcações), a do site abaixo, apenas uma (acertos e erros)
CBF usa 80 assistentes na Série A, psicóloga para ajudá-los a manter o emocional em dia, mas desempenho cai pelo segundo ano seguido. Leone Carvalho Rocha é quem mais acerta
Por Valmir Storti, Rio de Janeiro
07/12/2017 12h12 Atualizado 07/12/2017 12h12
Apesar de a escolha dos assistentes ter sido muito mais seletiva neste ano, o desempenho dos bandeirinhas na marcação de impedimentos caiu: eles acertaram 81,3% dos impedimentos analisados, segunda pior marca nos últimos seis anos. Quem puxou consideravelmente essa média para cima foi o goiano Leone Carvalho Rocha, que errou apenas um dos 29 impedimentos analisados, um aproveitamento de 96,6%.
Diminuiu o número de impedimentos marcados
No Brasileirão-2017, os ataques estiveram muito mais atentos às linhas de impedimento e o total de marcações dos assistentes caiu 11% em relação ao ano passado e 18% em relação a 2015. Com menos impedimentos marcados, cada erro acaba tendo um peso maior.
Não é possível analisar absolutamente todos os impedimentos marcados. Muitas vezes um lançamento é feito da defesa e não é possível ver ao mesmo tempo a bola e quem é flagrado em posição irregular. Ainda é possível que o ângulo das câmeras não sejam suficientes para ter certeza se a posição era legal ou não. Nesses casos, o impedimento deixa de constar do Índice Bandeira Branca, que considera apenas as marcações que podem ser classificadas como certas ou erradas.
Impedimentos marcados e analisados em cada Brasileirão
Ano | Marcados | Analisados | % analisados | Certos | Errados | Não analisados |
2012 |
1.797 | 1.438 | 80,0% | 1.214 | 224 | 359 |
2013 |
1.518 | 1.172 | 77,2% | 947 | 225 |
346 |
2014 |
1.523 | 1.320 | 86,7% | 1.104 | 216 |
203 |
2015 |
1.549 | 1.341 | 86,6% | 1.189 | 152 |
208 |
2016 |
1.435 | 1.213 | 84,5% | 1.030 | 183 |
222 |
2017 | 1.277 | 1.124 | 88,0% | 914 | 210 |
153 |
Fonte: Espião Estatístico
Neste ano, a CBF estabeleu trios fixos de arbitragem no Brasileirão e quem foi mal na Série A pode ser rebaixado para as Séries B, C e D, assim como quem se destacou nas divisões inferiores pode subir para a Série A, assim como ocorre com os clubes. Foram 80 auxiliares trabalhando na Primeira Divisão, uma redução de 27% em comparação com o ano passado, mas de 33% se comparado a 2013, quando 120 auxiliares trabalharam no Brasileirão.
O melhor do Brasileirão é um goiano
– Meu pai trabalhava em jogos amadores, e quando assistíamos jogos juntos pela TV, o ponto de vista era da arbitragem. Depois que entrei na faculdade de educação física, decidi fazer o curso de arbitragem e me identifiquei com o trabalho de assistente – contou o assistente Leone Carvalho Rocha, de 26 anos, que teve o melhor desempenho do ano na marcação de impedimentos. A CBF tem uma premiação para o melhor árbitro e os melhores assistentes. O árbitro foi Raphael Claus (SP/Fifa), e os auxiliares Guilherme Dias Camilo (MG/Fifa) e Bruno Raphael Pires (GO/Fifa).
Leone Carvalho acredita que o segredo do sucesso para os assistentes está ligado à concentração:
– Quando estou no hotel, falo com minha família. Eles sabem que a partir daquele momento, não estarei mais disponível. Desligo o celular. Quando chego ao estádio e subo para o gramado para verificar as redes, eu já começo a imaginar o que pode acontecer no jogo. Desde o início, somos treinados para nos desligarmos do que está no entorno. A concentração chega a um ponto em que não se ouve a torcida nem quem está em volta.
Para manter a concentração, o emocional precisa estar em dia, e o goiano não abre mão do trabalho realizado pela psicóloga Marta Magalhães.
– A cada rodada, a gente passa para ela o que vivenciamos emocionalmente para estarmos sempre em um nível emocional bom. Seja por e-mail, por Skype ou por WhatsApp, ela envia uma mensagem para quem está escalado na rodada para nos ajudar na concentração. São exercícios e material que acabamos interiorizando. Agora, por exemplo, estou lendo o livro “Pensamento Campeão” (Aline Arias Wolff, Editora Cognitiva), com técnicas de concentração, respiração para combater a ansiedade e mentalização do que é produtivo. São exercícios mentais.
Novas orientações dificultam as decisões
A cada ano, está ficando mais difícil definir o que é um impedimento. Só estar em posição de impedimento já não significa muita coisa. É preciso esperar para saber se quem está em posição irregular vai participar efetivamente da jogada ou não.
– Hoje, temos de esperar para saber se ele disputa com o adversário, se atrapalha o campo visual ou se toca na bola. Mas não é necessário esperar tocar na bola. Se um jogador subir com um adversário para tentar alcançar uma bola cruzada, já é impedimento. Só por subir ou ter contato físico, ele já participa da jogada. O futebol é muito dinâmico e cada jogada tem de ser analisada individualmente. Por mais que a gente estude, duas jogadas nunca são iguais. Cada jogada é específica: se um defensor dá um carrinho e desvia a bola, não anula o impedimento. Mas se ele chutar a bola deliberadamente, quem estava em posição irregular passa a ter condição de jogo. Os elementos que temos no campo são diferentes dos que estão disponíveis no vídeo. Se em um lançamento do ataque, a bola desvia ou dá um rebote em um defensor de forma rápida, o impedimento tem de ser marcado. Da mesma forma se a bola bate em um defensor que está desequilibrado, o impedimento também deve ser marcado.
Juventude não é um problema
No ano passado, o melhor assistente foi o carioca Dibert Pedrosa, agora com 46 anos, que afirmou que, ao menos na opinião dele, o tempo era o mais importante para um árbitro amadurecer. Leone Carvalho é praticamente o oposto disso. Aos 17 anos, entrou na faculdade de educação física e fez o curso de arbitragem da Federação Goiana, em 2009. Se destacou e, apenas quatro anos depois, já estava trabalhando na primeira fase da Copa do Brasil e nas Séries C e D. Em 2014, fez três jogos pela Série A e, em 2015, começou a trabalhar na Série A com mais frequência.
– Neste ano, foram tantos jogos que não consegui trabalhar como professor de educação física, então pratiquei minha outra atividade, como massoterapeuta. Uma pessoa muito importante nesse meu caminho foi o Antonio Pereira da Silva, primeiro árbitro Fifa de Goiás. Ele foi observador do meu primeiro jogo. Era da Federação Goiana e agora é inspetor da CBF.