A Comissão de Arbitragem da CBF foi clara: “Todos os árbitros não devem tolerar desrespeito e atos de indisciplina de qualquer natureza às regras do futebol”. Estas palavras são apenas parte do Ofício Nº 26/2015, de 22 de maio, enviado a todos os clubes do país. Passadas cinco rodadas do Brasileirão, tudo começa a fazer sentido. A média de bola em jogo subiu de 52 minutos e 36 segundos por partida em 2014 para 56’19” este ano. Pode não parecer muito, mas é uma diferença total de 185 minutos e 47 segundos, cerca de duas partidas inteiras a mais de bola rolando.

O objetivo é melhorar o espetáculo. Para isso, é preciso oferecer ao torcedor mais futebol e menos motivos que façam diminuir o interesse no esporte. É uma verdadeira cruzada contra aqueles cercos desnecessários ao árbitro, que mantêm a bola parada e diminuem, incorretamente, o ritmo do jogo. A Comissão de Arbitragem avisou: “As recorrentes e acintosas reclamações, individuais ou em grupo de jogadores, contra as decisões do árbitro e de qualquer oficial da arbitragem, tanto durante como após o encerramento das partidas, exigem adoção de medida disciplinar adequada”. Com essas orientações, o número de jogos que alcançaram a marca de 60 minutos de bola rolando saltou de um para nove, comparando as 50 primeiras partidas dos campeonatos brasileiros de 2014 e 2015.

A relação das partidas com maior tempo de bola rolando nos dois anos também apresenta um resultado sintomático. Em 2014, Figueirense x Santos registrou 60 minutos e 5 segundos. Já no Brasileirão 2015, temos Atlético PR x Galo com 69 minutos e 54 segundos. É um aumento de 15%.

Uma nova realidade da arbitragem brasileira está começando a se solidificar. Seus resultados despertam o interesse do público e recebem o apoio de quem gosta de futebol bem jogado e quer tornar o futebol um evento a cada dia mais atrativo para o público consumidor. Como reforçam as normas da Comissão de Arbitragem, defendidas por seu presidente Sérgio Corrêa e pelo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero: “O futebol não pode ser vítima nem de árbitros fracos, nem de jogadores, treinadores ou dirigentes indisciplinados, que atentam contra a boa conduta esportiva, cujos comportamentos inflamem torcedores nas arquibancadas. Uma conduta indisciplinada de verdadeiros ídolos do esporte contribui para que jovens adquiram hábitos desrespeitosos contra autoridades de qualquer natureza”.

Confira outros dados relevantes sobre a evolução do jogo a partir das novas orientações da Comissão de Arbitragem da CBF:

Partidas com maior tempo de bola em jogo

1 – Atlético PR 1×0 Atlético MG: 69’54”

2 – São Paulo 3×0 Joinville: 66’06”

3 – Flamengo 2×2 Sport: 65’15”

4 – Joinville 0x0 Palmeiras: 64’26”

5 – Fluminense 1×0 Joinville: 60’45”

6 – Grêmio 3 x Corinthians: 62’08”

7 – Goiás 1×1 Grêmio: 60’33”

8 – Palmeiras 2×2 Atlético MG: 60’26”

9 – Cruzeiro 0x1 Corinthians: 60’01”

Faltas

2014

Faltas: 1696 – Média de 33,92

2015

Faltas: 1520 – Média de 30,4 (No total, 176 faltas a menos)

Cartões

2014

Amarelos: 219 – Média de 4,38

Vermelhos: 15 – Média de 0,30

2015

Amarelos: 277 – Média de 5,54

Vermelhos: 17 – Média de 0,34

Dados: Leonardo Gaciba